PSDB de Santo André entra em crise após desastre na eleição

Partido não elegeu vereadores e ainda saiu derrotado logo no primeiro turno; presidente da sigla era vice de Raimundo Salles (PDT)

Ricardo Torres, presidente do PSDB, não pretende deixar o comando do partido (Foto: Rodrigo Pinto/ABCD Maior)

São Bernardo do Campo – O PSDB de Santo André está em crise após o fracasso nas urnas em 7 de outubro. O partido não conseguiu eleger nenhum vereador e ainda saiu derrotado logo no primeiro turno na eleição majoritária. O presidente do partido, Ricardo Torres, era vice de Raimundo Salles (PDT), que obteve 13,4% dos votos. O fiasco nas urnas acabou sendo uma espécie de desagravo ao vereador Paulinho Serra (PSD), que deixou o partido em julho, após ter seu projeto de candidatura própria a prefeito abortado. “O PSDB vem perdendo votos. Desde a fundação, em 1986, o partido nunca ficou sem vereador em Santo André. A resposta das urnas materializa que a parte representativa do partido saiu após o golpe”, concluiu o ex-tucano.

Com Paulinho deixaram o partido outras lideranças. Desde o ano passado, vários tucanos vêm pedindo desfiliação. Alguns ingressaram no PTB do prefeito Aidan Ravin, mas não foram bem-sucedidos na eleição para vereador. O partido perdeu mais de 20 mil votos com o desligamento das lideranças da legenda.

Resultado disso foi a humilhação nas urnas nas eleições deste ano. O partido sequer atingiu o quociente eleitoral (mínimo de votos que cada legenda precisa ter para eleger uma cadeira na Câmara). Eram necessários 17.532 votos para conquistar uma vaga, mas faltaram 200.  

O fato prejudicou os dois vereadores do partido: Marcelo Chehade e Marcos da Farmácia, que não foram reeleitos. Chehade foi um dos mais votados na cidade com 3.886 votos, mas não entrou. Marcos obteve 2.643. Chehade culpa a Executiva municipal e propõe uma reformulação e mudança no comando da sigla. Caso contrário, ameaça até deixar a legenda.

Para Chehade, se o diretório municipal tivesse optado por ter candidatura própria, haveria mais votos na legenda e seriam eleitos no mínimo dois vereadores. “Foi um erro atrás do outro. As decisões foram péssimas para o PSDB, que naufragou”, afirmou. “Não é nada contra as pessoas. Mas o partido deveria ter pensado melhor que rumo tomar”, completou Chehade, ao culpar também as articulações mal-sucedidas do ex-coordenador do PSDB, o deputado federal William Dib.

O presidente do partido, Ricardo Torres, lamenta o ocorrido, mas rebateu a crítica de Paulinho Serra. “Voto é importante, mas o alinhamento ideológico é importante também.” Torres disse que foi eleito “democraticamente” e que não pretende deixar o comando do partido. “Não existe nenhum movimento neste sentido. Estamos aglutinando forças para um recomeço. Estamos passando por um momento de reflexão. Algumas lideranças já nos procuraram e querem entrar no partido”, disse Torres, que neste segundo turno apoiará o prefeito Aidan Ravin. “Existe um alinhamento ideológico entre nós”, avaliou.

O tucano disse não guardar mágoas pelo fato de não ter sido escolhido como vice na chapa de Aidan. O chefe do Executivo optou por manter Dinah Zekcer (PTB). Na ocasião da convenção, em junho, houve um grande desconforto no partido, que fez duras críticas ao petebista, inclusive do presidente estadual do partido, deputado Pedro Tobias. Ele chegou a dizer que Aidan não tinha palavra.  

Marcos da Farmácia, que obteve 2.643 votos, 1.198 a menos que nas eleições de 2008, quando recebeu 3.841, não foi localizado para comentar o fato. Políticos da cidade afirmaram que Marcos se desgastou muito ao presidir a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Palhaços, que investigou suposto superfaturamento no contrato de artistas feito pela Secretaria de Cultura da prefeitura com a empresa Produz Eventos. O tucano foi um ferrenho defensor do governo Aidan neste caso polêmico.