Curitiba – Com pequenas variações, a poucos dias das eleições, as pesquisas do segundo turno em Curitiba continuam apontando vitória do candidato do PDT, Gustavo Fruet, por cerca de 60% dos votos válidos contra 40% de Ratinho Júnior (PSC). No Datafolha, 94% dos eleitores de Fruet declaram estar totalmente decididos a votar no candidato e apenas 5% admitem mudar de posição.

Se as pesquisas não errarem mais uma vez, como ocorreu no primeiro turno, Fruet será o novo prefeito da capital paranaense desbancando grupos que se revezaram nas últimas décadas no cargo liderados por políticos como Jaime Lerner, Roberto Requião e Beto Richa, trazendo o PT para uma posição de destaque pela primeira vez na cidade, já que a candidata a vice é a advogada Mirian Gonçalves, uma das fundadoras do partido no Paraná.

Embora a população do estado tenha votado na senadora Gleisi Hoffmann nas últimas eleições e o PT tenha conquistado prefeituras importantes no norte paranaense, em Curitiba só teve candidatura viável com o deputado Angelo Vanhoni, que acabou derrotado por três vezes. Para o deputado federal Doutor Rosinha, a possível vitória de Fruet no domingo deve representar o início de uma administração democrática, transparente. “Um processo de debate mais intenso e de participação para atender os interesses da maioria da população. Curitiba deixará de ser laboratório de ideias de meia dúzia de iluminados e terá uma construção mais participativa”, afirma. 

Para Fabricio Tomio, professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Paraná, essa eleição pode mudar o jogo político na cidade. “Menos que com a eleição de um candidato próprio, mas o PT tem hoje grande peso na coligação e foi importante o apoio de suas lideranças para a viabilidade eleitoral de Fruet. Agora, deve fazer parte do governo, assumindo cargos e ajudando a mudar o próprio estilo de governo”, afirma. Mesmo acreditando nessa mudança, o professor ressalva que será necessário montar um governo de coalizão na cidade, em que os papéis ainda não estão definidos entre todos os atores. 

No lado de Ratinho Júnior, além das pesquisas, outras notícias não foram muito boas nesta semana. A retransmissora local do SBT, de propriedade de seu pai, o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, foi multada três vezes por propaganda eleitoral irregular. O candidato também foi proibido de utilizar imagens dos cantores sertanejos Leonardo, da dupla Fernando e Sorocaba e do grupo Inimigos do HP. A entrada do pai na campanha, reforçando o discurso de que são pessoas trabalhadoras, que lutaram muito e que estavam do lado das pessoas mais pobres e humildes parece também ter adiantado pouco. Para doutor Rosinha, o candidato sai do segundo turno menor do que entrou, por ter abandonado o discurso de ser o candidato do “novo” para partir para a denúncia e a baixaria ao investir no discurso do “antipetismo”.

Discurso que o ajudou a ter, de maneira velada, o apoio do governador Beto Richa (PSDB). Após ser derrotado no primeiro turno com seu candidato, Luciano Ducci (PSB), Richa declarou-se neutro na segunda rodada. Mas nesta semana pessoas muito próximas a ele declararam apoio ao candidato do PSC, como o líder do governo Richa na Assembleia Legislativa e o delegado e deputado federal Fernando Francischini (PEN), que foi apresentado como futuro supersecretário de segurança de Ratinho Júnior nos programas de TV.

O apoio do governador pode representar já reflexos da disputa de 2014, em que deve enfrentar na tentativa de reeleição a ministra Gleisi Hoffmann, uma das principais fiadoras do acordo entre o PT e Fruet. Mas esse é um jogo que terá desdobramentos futuros ainda incalculáveis. Primeiro é necessário ver se no próximo domingo as urnas confirmarão o resultado das pesquisas.