PMDB valoriza passe e adia apoio a Haddad; PRB decide ficar neutro

Dilma viaja a São Paulo para debater com Lula a postura do partido de Michel Temer, que apresentou novas exigências de última hora, e as dificuldades no fechamento de alianças

São Paulo – O dia que deveria selar a sorte das alianças políticas para o segundo turno em São Paulo foi frustrante para as campanhas de Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB). Após agendar para o meio da tarde a entrevista coletiva na qual deveria anunciar a adesão ao candidato petista na capital, hoje (10), o PMDB voltou atrás e informou a jornalistas que deseja do PT o cumprimento de novas condições para embarcar na campanha de Haddad. Já o PRB de Celso Russomanno, terceiro colocado no primeiro turno, oficializou a “neutralidade” no segundo turno alegando que não quer aderir à baixaria.

Na tentativa de reverter as dificuldades, Dilma Rousseff desembarcou em São Paulo no começo da tarde para uma reunião privada no escritório da Presidência, na Avenida Paulista, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente nacional do PT, Rui Falcão. Os três vão debater as novas exigências do PMDB, aparentemente surgidas de última hora, e o desafio do PRB, que integra a base aliada no Congresso e comanda o Ministério da Pesca e Aquicultura, chefiado pelo senador licenciado Marcelo Crivella (RJ).

Os peemedebistas cancelaram de última hora a entrevista convocada para oficializar o apoio a Haddad. Na véspera, o PT concordou em incorporar a seu plano de governo para São Paulo duas das propostas de Gabriel Chalita (PMDB), quarto colocado no primeiro turno, com 13,6% dos votos válidos. Hoje, caciques da sigla fizeram saber que surgiram duas novas condições. A primeira é que os petistas adotem postura neutra no segundo turno em Natal, disputado pelo ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT) e por Hermano Moraes (PMDB).

Além disso, os líderes peemedebistas querem “jogo leve” do PT em Mauá, onde a segunda rodada é disputada entre Donisete Braga (PT) e Vanessa Damo (PMDB). Isso significa, em linhas gerais, que o PMDB quer limitar a atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cidade da região metropolitana paulista, além de barrar a passagem de Dilma Rousseff pela cidade. 

Sem baixaria

Menos de uma hora depois, o PRB fez saber que prevaleceu a postura defendida por Celso Russomanno de uma postura “neutra” no segundo turno em São Paulo. “O PRB é um partido independente e eu sou subordinado única e exclusivamente à minha consciência. Neste momento ela não me permite caminhar com nenhum dos dois candidatos”, afirmou o presidente nacional da sigla, Marcos Pereira.

Ele confirmou ter mantido conversas nos últimos dias com dirigentes tanto do PT como do PSDB, mas negou que tenha condicionado um eventual apoio a barganhas políticas. Segundo o político, a decisão foi tomada por haver sinais de que o debate entre Fernando Haddad e José Serra será marcado pelo baixo nível. “O PRB é contra uma campanha baseada em baixaria e em ataques pessoais.”

Russomanno, que liderou a disputa durante boa parte do primeiro turno, foi alvo de críticas dos dois candidatos, e chegou a chamar Haddad de mentiroso. Agora, ele disse que os eleitores devem votar com consciência e que, em caso de baixaria, pediu que também não escolham ninguém. “Vamos nos manter neutros em respeito a nosso eleitor. Quem votou em mim não queria votar nem no PT nem no PSDB. Com essa neutralidade estou lançando uma campanha pelas candidaturas com ética. Sem ataques e sem baixarias”, afirmou o candidato derrotado.

PTB com Serra

O PTB, que ocupou a vice na chapa de Russomanno, oficializou hoje o apoio à candidatura de José Serra. Em nota, o presidente estadual da sigla, Campos Machado, prometeu empenho total do partido na campanha de Serra e fez um desafio ao PT. “Não tem essa história de apoio formal. Vamos apoiar mesmo, colocando nossos departamentos e nossa militância na campanha. Vamos ver agora quem tem a maior militância de São Paulo, se é o PT ou somos nós”, disse Machado.

O PDT enviou aviso de que será oficializada amanhã, no começo da tarde, a adesão a Serra. O candidato do partido, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, foi o sétimo no primeiro turno, com 0,63% dos votos. O PPS também apoiará a candidatura tucana. Sua candidata, Soninha, ficou em quinto lugar na corrida pela prefeitura, com 162.384 votos – o que representa 2,65% dos válidos.

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