Horário eleitoral recomeça em SP opondo ‘melhores ministros’ da Saúde e Educação

O tucano José Serra terminou o programa lembrando que lideranças do PT acabam de ser condenadas pelo STF, e Fernando Haddad resgatou discursos em que o candidato do PSDB diz que não deixaria a prefeitura se vencesse as eleições de 2004

São Paulo – O horário eleitoral gratuito recomeçou hoje (15) em São Paulo contrapondo os autoaclamados melhores ministros da Saúde e da Educação que o Brasil já teve. O candidato do PSDB à prefeitura da capital, José Serra, dedicou a maior parte dos dez minutos a que tinha direito para falar de sua biografia, cutucando, no final, seu adversário por conta do “mensalão”. Já o programa de Fernando Haddad, do PT, dissertou sobre suas realizações no Ministério da Educação durante os governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de esboçar algumas propostas para as quatro regiões da cidade.

Ambos agradeceram a votação recebida no primeiro turno e destacaram os apoios recebidos após a apuração. José Serra trouxe imagens das cerimônias em que candidatos derrotados à prefeitura, Soninha Francine (PPS) e Paulinho da Força (PDT), além do deputado estadual Campos Machado (PTB), formalizaram seu apoio ao tucano. Serra lembrou que os partidos da coligação Avança São Paulo, capitaneada pelo PSDB, conseguiram 31 cadeiras na Câmara Municipal – o que, diz, lhe garantirá a maioria necessária para governar a cidade. Com as novas alianças políticas e o número expressivo de vereadores eleitos, o tucano pretende construir uma imagem de candidato de todos os paulistanos. O bordão tem sido utilizado em suas entrevistas coletivas e intervenções públicas, e foi repetido no programa eleitoral.

Fernando Haddad lembrou que as primeiras pesquisas de intenção de voto realizadas por Datafolha e Ibope já lhe colocam na liderança isolada na corrida pela prefeitura de São Paulo, com mais de dez pontos de vantagem sobre o adversário. Assim como no primeiro turno, o petista bateu na tecla do “novo”, sublinhando que ele é o candidato que representa a mudança. “Agora vai ficar mais claro ver quem tem as melhores propostas”, cutucou Haddad, que neste primeiro programa já começou a citar obras que pretende fazer nas zonas leste, oeste, norte e sul da cidade, entre elas a Universidade Federal da Zona Leste, centros culturais e olímpicos – inclusive em parceria com o governo do estado, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB).

Fernando Haddad começou o segundo turno na tevê exibindo depoimento de Gabriel Chalita, que disputou a prefeitura pelo PMDB e ficou em quarto lugar, com 13,6% dos votos. A presidenta Dilma Rousseff também gravou para o petista, e disse que Haddad significa um “sopro de renovação” na política brasileira. Apesar de não ter participado oficialmente do programa do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente em citações de Haddad e imagens de arquivo. O candidato petista frisou mais uma vez que vai governar com o apoio de Lula e Dilma, para trazer a São Paulo as conquistas que a dupla presidencial vem colhendo em todo o país. A redução da pobreza e a ascensão social das classes D e E ganhou relevo.

Ataques

Os ataques, claro, não ficaram de fora. José Serra justificou seu recado sobre o “mensalão” dizendo que, às vezes, é necessário deixar de fazer propostas para falar sobre moral. Sem citar nomes, o tucano lembrou que algumas lideranças do PT acabam de ser condenadas pelo Supremo Tribunal Federal por crimes de desvio de verbas públicas e formação de quadrilha – tudo para comprar o voto de parlamentares no Congresso, frisou Serra. Ele concluiu dizendo que, agora, os petistas querem vencer a disputa pela prefeitura de São Paulo para jogar uma cortina de fumaça sobre o assunto.

Apesar de finalizar seu programa condenando a corrupção petista, o tucano não viu reparos em exibir no horário eleitoral um depoimento em vídeo de sua filha, Verônica Serra, sócia de Verônica Dantas, filha do empresário Daniel Dantas. Segundo o livro A Privataria Tucana, ambas mantinham contas em paraísos fiscais utilizadas para lavagem de dinheiro proveniente do processo de privatização de empresas públicas durante o governo Fernando Henrique Cardoso, do qual, como bem lembrou o programa, José Serra foi ministro do Planejamento.

Os cutucões de Fernando Haddad foram mais diretos. Com três pequenos pronunciamentos do adversário, o petista resgatou promessas de José Serra: em 2004, quando o tucano disse que, se vencesse as eleições para a prefeitura, governaria São Paulo por quatro anos; em 2011, ao dizer que não concorreria à prefeitura nestas eleições; e em 2012, quando diz que não deixará o cargo caso seja eleito. “Dá pra acreditar?”, questiona a campanha do PT, finalizada com um sambinha.

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