Após conversar com PT e PSDB, PRB decide por ‘neutralidade’ em São Paulo
Presidente do partido e Celso Russomanno, terceiro lugar no primeiro turno, afirmam que não vão apoiar nenhum dos lados por previsão de que debate político será dominado por 'baixaria'
Publicado 10/10/2012 - 16h14
São Paulo – Alegando enxergar “indícios de baixaria” tanto na campanha do PT como do PSDB, o PRB anunciou hoje (10) que vai manter postura neutra no segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo. A decisão foi comunicada em coletiva de imprensa no comitê político de Celso Russomanno, na zona sul da cidade. O candidato ficou em terceiro lugar no primeiro turno do pleito na capital e seu apoio vinha sendo desejado por tucanos e petistas.
“O PRB é um partido independente e eu sou subordinado única e exclusivamente à minha consciência. Neste momento, ela não me permite caminhar nem com um nem com outro lado”, afirmou o presidente nacional da sigla, Marcos Pereira. “Nosso partido não apoiará a candidatura de José Serra e, ao contrário do que todos achavam e davam como certo, também não apoiará a candidatura de Fernando Haddad.”
De acordo com o líder do PRB, a decisão pela neutralidade foi tomada por haver sinais de que o segundo turno será marcado pelo baixo nível. “Eu me reuni ontem com algumas pessoas do PT e do PSDB, não para negociar apoio, mas para ouvi-los e saber como eles pensavam fazer a campanha nesse segundo turno”, contou. “Ao ver que um vai atacar o outro, decidimos que não deveríamos entrar nessa baixaria. Tudo indica que o segundo turno tende a ir para um nível ruim.”
A baixaria que tomará conta do segundo turno é um dos motivos para a neutralidade, mas não o único. Celso Russomanno diz que a postura foi tomada também em respeito aos eleitores que apertaram 10 no último domingo (7). E não foram poucos. Mais de 1,314 milhão de paulistanos votaram no candidato do PRB, número que representa 21,6% dos votos válidos. “O eleitor decidiu votar na nossa candidatura porque não queria nem Serra nem Haddad”, interpreta. “Peço a nossos eleitores que, se houver baixaria mais uma vez no segundo turno, que fiquem neutros também.”
Dessa maneira, prevaleceu a posição do candidato, que, com o olho nas próximas eleições, estava pressionando a direção do partido para manter a neutralidade. Assim, poderá continuar apresentando-se como uma “terceira via” entre PT e PSDB, como fez questão de ressaltar seu vice na chapa para a prefeitura, Luiz Flávio Borges D’Urso (PTB). Russomanno não admitiu, mas deve negociar com o PRB sua postulação ao governo do estado de São Paulo em 2014.
Tanto Pereira como Russomanno negaram que a oferta de cargos e participação no governo do PT ou PSDB, em cargo de vitória, tenha sido baixa. Ambos também rechaçaram que tenham condicionado seu apoio no segundo turno a barganhas políticas. “Se a gente tivesse atrás de cargo, eu estaria deputado”, rebateu Russomanno. “Até porque não se faz oferta”, complementou o presidente do PRB. “Ninguém discute qual espaço que vai ter. Ninguém delimita você terá essa secretaria, esse ministério. Isso não existe.”
O PRB integra a coalizão de apoio a Dilma Rousseff no Congresso, e o senador licenciado Marcelo Crivella (RJ) é o ministro da Pesca e Aquicultura desde fevereiro deste ano. O presidente nacional do partido confirmou que Crivella teve uma conversa na última segunda-feira (8) com a presidenta Dilma Rousseff. “Ela pediu a que a gente mantivesse o apoio e o alinhamento da base, mas não foi possível”, relatou Marcos Pereira. Questionado sobre o que a sigla faria se, ao negar apoio a Haddad, perdesse participação no Executivo federal, o líder do PRB deu de ombros. “Se ela pedir o Ministério de volta, Crivella volta pro Senado e a vida continua.”