Defesa de sócios de Valério nega conhecimento sobre o mensalão

Os 11 ministros do STF ouviram as exposições dos advogados de Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Dias dos Santos (Foto: Carlos Humberto. STF) Rio de Janeiro – […]

Os 11 ministros do STF ouviram as exposições dos advogados de Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Dias dos Santos (Foto: Carlos Humberto. STF)

Rio de Janeiro – O quarto dia do julgamento da Ação Penal 470, mais conhecida como processo do mensalão, foi dedicado à defesa dos sócios do empresário Marcos Valério nas empresas DNA, Graffiti e SMP&B, acusadas de envolvimento na obtenção dos empréstimos bancários que alimentaram o esquema. Durante cinco horas, os 11 juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) ouviram as exposições dos advogados de Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Dias dos Santos. Todos negaram que seus clientes tivessem conhecimento sobre o mensalão. Também foi feita hoje (7) a defesa da presidente do Conselho de Administração do Banco Rural, Kátia Rabello.

Primeiro a falar, o advogado Castellar Guimarães, representando Cristiano Paz, disse que seu cliente não pode ser considerado criminoso apenas porque era sócio de Marcos Valério na empresa SMP&B Comunicação. O advogado afirmou que, apesar de saber dos empréstimos ao PT negociados pelo sócio, Paz não participava dessa etapa: “A parte lícita era a parte desenvolvida por Cristiano. Sua atividade como publicitário o impedia de qualquer outra participação na SMP&B. Ele trabalhava na construção de marcas, na boa divulgação da marca que criava, para que clientes fossem bem atendidos”, destacou o advogado.

Guimarães também criticou o fato de a denúncia apresentada pelo Ministério Público tratar o chamado “núcleo publicitário do mensalão” de forma generalizada, sem individualizar as condutas de cada um: “Designar a participação de cada co-réu é necessário. Se a simples associação é um delito per se, na maioria deles (dos casos de associação), a produção do evento criminoso é que determina a responsabilidade. Alguém pode pertencer ao mesmo grupo, sem concorrer ao delito”, disse.

Os sócios de Marcos Valério nas empresas de publicidade – o grupo inclui Ramon Hollerbach, defendido na véspera – é acusado dos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Valério, Paz e Hollerbach são os recordistas de acusações no processo do mensalão (143 cada um).

Ordens

Defensor do réu Rogério Tolentino, que também é advogado, Paulo Sérgio Abreu contestou a acusação de prática de corrupção que pesa sobre seu cliente, argumentando que ele nunca foi sócio, dirigente ou gestor das empresas de Marcos Valério: “Se ele não era sócio, como vai responder por corrupção ativa?”, indagou.

Abreu também defendeu Geiza Dias dos Santos, que era gerente financeira da SMP&B. Nesse caso, a principal linha de defesa adotada pelo advogado foi tentar provar que Geiza era apenas uma funcionária da SMP&B, sem nenhum poder decisório e que apenas executava as ordens de Marcos Valério e seus sócios.

Defensor da ex-diretora financeira da SMP&B, Simone Vasconcelos, o advogado Leonardo Yarochewsky, afirmou que sua cliente, apontada pela acusação como responsável por entregar dinheiro em mãos a alguns parlamentares, deveria estar fora do processo do mensalão.

“Simone Vasconcelos deveria figurar como testemunha deste processo porque o depoimento dela foi citado, quando do oferecimento da denúncia, por oito vezes. Nas alegações finais, por 11 vezes a acusação faz referência a Simone Vasconcelos. Isso porque muito do que o acusador estatal sustenta é baseado nas palavras de Simone, que, em todo momento que foi ouvida, traz a mesma versão, com transparência e integridade”, alega Yarochewsky.

O advogado disse ainda que sua cliente, em momento algum, negou ter entregado várias quantias de dinheiro para parlamentares a mando de Marcos Valério: “Ela não sabia quem eram esses parlamentares”, afirmou.

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