Rio: movimentos de Cabral e ‘Petistas com Freixo’ desgastam aliança PT/PMDB

Marcelo Freixo e Eduardo Paes dividem militância do PT nas eleições municipais para o Rio (CC/Marcelo Freixo; blogdosereno) Rio de Janeiro – Não está sendo tranquilo o apoio do PT […]

Marcelo Freixo e Eduardo Paes dividem militância do PT nas eleições municipais para o Rio (CC/Marcelo Freixo; blogdosereno)

Rio de Janeiro – Não está sendo tranquilo o apoio do PT carioca à reeleição de Eduardo Paes (PMDB), apesar de o partido ter indicado o vereador Adilson Pires como vice na chapa do atual prefeito. A insatisfação de parte da base petista com a decisão da maioria do partido de não lançar candidato próprio e apoiar o peemedebista, que já vinha sendo manifestada desde o ano passado, culminou com a criação neste início de campanha eleitoral do grupo “Petistas com Freixo”, em apoio ao candidato do PSOL à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo. 

A dissidência surge em meio a mais uma onda de incertezas quanto ao futuro da aliança PT/PMDB no Rio. O apoio petista, agora, passaria pela retribuição do PMDB em 2014, na disputa pelo governo do Estado. Mas especula-se que o governador Sérgio Cabral (PMDB) trabalhe nos bastidores para emplacar seu vice, Luiz Fernando Pezão, ou mesmo o próprio Paes daqui a dois anos.

Em sua apresentação, o grupo “Petistas com Freixo”, que criou um blog e lançou um abaixo-assinado na internet, afirma ter sido “exclusivamente formado para participar da atual campanha eleitoral municipal, atuando diretamente na formulação de propostas políticas alternativas que balizem a atuação [do candidato do PSOL] no Executivo e na sua base legislativa de sustentação”. Até a manhã de hoje (26), o abaixo-assinado contava com 138 adesões. O PT da cidade do Rio de Janeiro tem 49.280 filiados, segundo a Secretaria Nacional de Organização do partido.

O grupo dissidente já pode ser visto em quase todas as atividades de rua da campanha de Freixo: “Não aceitamos o apoio a Paes. A direção do partido tomou essa decisão sem realizar um debate prévio com a militância”, resume Tomaz Miranda, um dos petistas dissidentes.

Algumas lideranças, como o deputado federal Alessandro Molon, já afirmaram publicamente que não apoiam a reeleição de Paes – sem declarar apoio a Freixo –, mas o conjunto da direção partidária e de sua representação parlamentar defende com entusiasmo a aliança, que também tem aval da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma já confirmou que participará da campanha eleitoral no Rio e Lula, em sua mais recente vista à cidade, pediu votos para Paes. 

“Valeu a pena eleger o Eduardo em 2008. Agora, vendo o que ele fez pelo Rio nesses quatro anos, temos que repetir o voto com ainda mais convicção”, disse Lula, que teve em Paes um ferrenho adversário quando este era deputado federal pelo PSDB e integrante da CPI dos Correios durante a crise do mensalão em 2005.

Projeto de poder

Apesar do acordo para as eleições deste ano e do apoio de Dilma e Lula, o futuro da aliança entre PT e PMDB no Rio é incerto. Depois de conseguirem debelar, com o auxílio do governador Sérgio Cabral, a crise iniciada com o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, quando este tentou isolar o PT em algumas alianças municipais, dirigentes petistas convivem agora com a possibilidade de uma manobra que poderia alijaria o PT da disputa pela sucessão do governador em 2014.

Segundo se especula, Cabral renunciaria ao governo em dezembro de 2013, de forma a permitir que seu vice, Luiz Fernando Pezão, fique no cargo durante todo o ano de 2014 e chegue às urnas em outubro em melhores condições de conquistar um segundo mandato. Esse acordo teria ainda um importante desdobramento: impedido pelas normas eleitorais de concorrer em 2018, Pezão abriria espaço para Eduardo Paes, que concorreria ao governo estadual após deixar a Prefeitura do Rio no meio de um eventual segundo mandato e após comandar a realização das Olimpíadas de 2016.

Apontado como virtual candidato petista à sucessão de Cabral, o senador Lindbergh Farias foi o primeiro a reclamar. “Todo o PT do Rio de Janeiro quer a candidatura própria em 2014. O PT não pode ficar secundarizado na política estadual até 2026”, disse, já projetando um eventual segundo mandato para Paes no governo e manifestando a preocupação petista com a longevidade do projeto de poder imaginado pelo PMDB.

O deputado Alessandro Molon, que teve sua candidatura à Prefeitura do Rio esvaziada em 2008 depois que o PMDB optou na última hora por lançar Paes, também externou sua insatisfação: “É a mesma chantagem de sempre. A existência desse diálogo é a véspera da velha barganha que tentará mais uma vez impedir que o PT tenha candidato próprio no Rio”, disse.

 

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