CPMI quebra sigilos de Demóstenes e convoca governadores

Sessão desta quarta da CPMI que investiga relações de políticos com o crime organizado (Pedro França/Ag. Senado) São Paulo – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira aprovou hoje […]

Sessão desta quarta da CPMI que investiga relações de políticos com o crime organizado (Pedro França/Ag. Senado)

São Paulo – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira aprovou hoje (30) a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), e de diversas empresas possivelmente ligadas ao grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. 

Também foram aprovados requerimentos para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ligado ao Ministério da Fazenda, envie à comissão dados sobre movimentações atípicas de Demóstenes e de Cachoeira. Gravações feitas pela Polícia Federal durante as operações Vegas e Monte Carlo mostraram que Demóstenes tinha ligação com o grupo de Cachoeira. Em algumas das conversas, ele promete colocar o mandato a favor da aprovação de projetos que favoreçam os jogos ilegais, principal atividade da quadrilha. Demóstenes prestou ontem (29) depoimento ao Conselho de Ética no qual confirmou uma relação de amizade com Cachoeira, embora tenha negado o lobby. 

Governadores

Deputados e senadores aprovaram também a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Por 17 votos a 11, foi rejeitada a convocação do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), por conta das relações entre ele e o ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, construtora acusada de irregularidades em obras públicas e de funcionar como uma intermediária para a lavagem de dinheiro do grupo de Cachoeira.

“Vamos aguardar a análise dos documentos [da Delta]; se for necessário, o governador Cabral será convocado e os outros podem ser chamados novamente”, disse o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG). “O importante é que criamos um precedente que foi chamar os governadores”, acrescentou. Cunha defendeu a convocação de Perillo, mas foi contrário à convocação de Agnelo e de Cabral.

Para deputados da base aliada, a postura de Perillo de se colocar à disposição para depor foi jogo de cena. “Isso é um teatro, o Marconi se mostra tão disposto a comparecer na CPMI para falar e devia demonstrar a mesma disposição para apresentar seus sigilos bancário e telefônico”, declarou o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP). Questionado se o governador do DF contava com apoio do partido, Tatto respondeu que sim e se mostrou confiante que a presença de Agnelo vai “mostrar que não tem nada com Cachoeira”.

Na mesma sessão, decidiu-se por adiar a votação da quebra de sigilo do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e dos deputados federais Sandes Júnior (PP-GO), Stepan Nercessian (PPS-RJ) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). “O que nós estamos propondo é um adiamento apenas”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que presidia a sessão. “Tendo em vista que esta CPI recebeu no dia de ontem a quebra de sigilo que veio do Supremo Tribunal Federal de todas as escutas”, sugerindo que sejam analisadas essas informações antes de se decidir pela quebra de sigilo.

Com informações da Reuters e da Agência Câmara.

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