São Paulo – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as atividades ilegais do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, aprovou a convocação de alguns dos principais nomes envolvidos nas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. O próprio Cachoeira, que atualmente está preso, irá depor no dia 15, e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), indicado como colaborador do grupo ilegal, falará à CPMI no dia 31.

Essa foi a segunda reunião do colegiado, que contou com a presença dos parlamentares titulares, além de um grande número de jornalistas. O relatório com as convocatórias foi aprovado após todos os deputados e senadores opinarem a respeito das diretrizes para a condução dos trabalhos da CPMI. 

Antes de Cachoeira, irão ao Congresso os delegados da Polícia Federal responsáveis pelas apurações, com sessões marcadas já para a próxima semana. Antes de Demóstenes será convocado o empresário Cláudio Abreu, ex-diretor da construtora Delta, acusada de conexões com o grupo de Cachoeira. 

Outros nomes citados nos inquéritos da Polícia Federal foram convocados a prestar esclarecimento na CPMI. Os parlamentares ainda aprovaram requerimentos pedindo a quebra dos sigilos bancário e telefônico de Cachoeira.

Marcado por variadas sugestões dos membros da Comissão, a antecipação do depoimento de Cachoeira foi o assunto mais debatido entre os parlamentares. “A quem interessa o Cachoeira não ser o primeiro ouvido dessa CPI?” questionou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Ele alegou que Cachoeira terá informações privilegiadas para aperfeiçoar sua defesa ao saber dos depoimentos que serão dados antes dele – referindo-se aos dois delegados responsáveis pela operação.

Fernando Francischini (PSDB-PR) endossou a visão de seu colega de partido. “Não é possível que vamos deixar ele ouvir todos os delegados da Polícia Federal para preparar junto com seus advogados a defesa”. 

Já o deputado Silvio Costa (PTB-PE) afirmou que um depoimento de Cachoeira pouco serviria para o momento, já que os documentos enviados pela Polícia Federal dão conta de suas atividades. “Proponho que o primeiro a ser ouvido seja o senador Demóstenes Torres”, defendeu. Contrariando os demais parlamentares, ele disse que convocar policiais federais é o mesmo que “chover no molhado”.

Para o senador Sérgio Souza (PMDB-PR), essas denúncias servem para trazer à baila um debate adormecido no Congresso desde o ano passado. “O aparecimento dessas denúncias mostram a necessidade de um debate sobre o financiamento público de campanhas”, disse.

À medida que as investigações avançarem, os novos nomes que surgirem serão ouvidos. Ao todo, aproximadamente 175 requerimentos foram sugeridos.