São Paulo – A decisão para a instalação da CPI do hospital Sorocabana, na zona oeste de São Paulo, prevista para ontem, foi transferida para a tarde de hoje (28) devido à ausência de parlamentares para a votação na Câmara Municipal. Dos 49 vereadores presentes, apenas 22 votaram, dos quais 18 foram favoráveis e quatro se abstiveram. A autoria do requerimento da CPI, de abril de 2011, é do vereador Carlos Neder (PT).

Neder pede que a CPI investigue denúncias de desvio de recursos do hospital Sorocabana ao longo dos últimos anos, que ocasionou no seu fechamento. Dentre os problemas estão o acúmulo de dívida superior a R$ 200 milhões, a péssima gestão administrativa, o não pagamento de fornecedores e a piora na qualidade de atendimento que provocou o descredenciamento pela prefeitura, no convênio do SUS, seguido do fechamento.

“O governo do estado de São Paulo e a prefeitura de São Paulo têm auditorias que provam que desde 2008 já era sabido que o hospital estava se inviabilizando. Em que pese isso, ela deu anuência para que essa quadrilha, à frente da Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana (ABHS) e mancomunada com um sindicato pelego que traiu a categoria dos antigos trabalhadores da Fepasa, lançasse mão do hospital para se enriquecer, para usar recursos públicos e privados”, denuncia Neder.

O vice-presidente do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas, Ferroviários e demais Categorias do Estado de São Paulo (Sindapfer), Edison de Camargo, disse que a categoria luta hoje pela reabertura do hospital. “Apoiamos a instalação da CPI para que sejam feitas as apurações das denúncias. O Sorocabana foi construído por nós, trabalhadores, e sempre atendeu não só às nossas famílias, como tantas outras da região da Lapa. Agora, o prédio está abandonado pela prefeitura.”

Até o momento, o PT representa a maioria dos votos favoráveis na Câmara. “O PSD, partido de Kassab, e o PSDB, de Alckmin, é que precisam responder sobre o que aconteceu em 2010, no período que antecedeu a campanha eleitoral, mas eles não querem investigar”, disse Neder.

Camargo espera que a votação da instalação desta CPI seja dada como favorável  pelos vereadores na Câmara. “Precisamos investigar onde foi empregado esse dinheiro que levou o hospital à falência.” 

“Causa espécie que a Câmara Municipal de São Paulo volte suas costas à cidade de São Paulo e aos municípios vizinhos e não queira ao menos investigar o que aconteceu naquele hospital”, afirma Neder.

Procurada para responder sobre as condições do hospital, previsão de reabertura e  instalação da CPI, a Secretaria Municipal de Saúde não se manifestou até o início desta tarde.

Histórico

Construído em 1955 pelos ferroviários, em terreno cedido pelo governo do estado de São Paulo à época, o hospital Sorocabana pertencia à Associação Beneficente Hospital Sorocabana (ABHS). 
Os vínculos com o poder público ao longo dos anos estão relacionados à própria área disponibilizada pelo estado e aos repasses de verbas públicas do SUS, por intermédio da prefeitura, desde 2003.
Em janeiro último, o terreno e o hospital foram transferidos pelo governo à prefeitura.