Pré-candidatos tucanos poupam Serra e ensaiam oposição a Kassab

São Paulo – Aliado da gestão de Gilberto Kassab (PSD) na capital paulista, o PSDB ensaia um discurso crítico e até de oposição à administração atual. Em debate entre os […]

São Paulo – Aliado da gestão de Gilberto Kassab (PSD) na capital paulista, o PSDB ensaia um discurso crítico e até de oposição à administração atual. Em debate entre os pré-candidatos tucanos à sucessão municipal em 2012 realizado na noite desta segunda-feira (28), na capital paulista, os quatro postulantes ainda evitaram críticas a José Serra, ex-prefeito da cidade e ex-governador paulista, que apesar de negar interesse em concorrer é visto como nome capaz de unir o partido e atrair outras legendas.

O encontro, no Clube Espéria, na zona norte, teve a presença dos secretários do governo Geraldo Alckmin (PSDB) Andrea Mattarazzo, da Cultura, Bruno Covas, do Meio Ambiente, e José Aníbal, de Ciência e Tecnologia. O deputado federal Ricardo Trípoli (PSDB-SP), também pré-candidato, completou a mesa. Serra não compareceu.

Um membro do diretório tucano da zona norte da capital chegou a empunhar um cartaz com os dizeres: “Quem tem medo das prévias? – sem mais desculpas”. Mesmo sem data definida – mas com previsão para até, no máximo, 10 de janeiro –, “as prévias já são uma decisão do partido, aprovado pela executiva estadual”, segundo o deputado federal Júlio Semeghini, presidente da legenda na cidade.

Semeghini disse que os pré-candidatos terão uma reunião nesta quinta-feira (1º) para estabelecer um dia certo para a eleição interna. “Nossas prévias têm o objetivo de discutir com o partido e ver aquele que está conseguindo se relacionar melhor com o partido, com a sociedade. Esse é o objetivo desse debate.”

Caso Serra mude de ideia e resolva tentar a indicação à prefeitura paulista, o deputado federal Ricardo Trípoli, um dos pré-candidatos, disse que o cacique tucano teria de entrar na briga no mesmo patamar dos demais. “Ele disputa. Ele foi um dos que mais nos incentivou a sermos candidatos”, garantiu, depois de tecer elogios ao ex-prefeito.

A respeito do desconforto entre Serra e o presidente da Juventude Tucana, Paulo Mathias, os candidatos preferiram fugir da polêmica. Na semana passada, circulou a informação de que Serra chegou a anunciar rompimento de relações com o segmento da militância tucana por não ter sido convidado a um evento, nem mencionado em revista do grupo. Mathias confirmou, nesta segunda, que o episódio de fato ocorreu.

O secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas, passou pelo comando da Juventude do PSDB. Apesar do vínculo e de contar com o apoio do agrupamento na disputa atual, ele preferiu evitar comentar o episódio: “Eu não ví nenhum embate, não posso falar sobre algo que não vi”.

Quase oposição

Boa parte da população paulistana dá sinais de desejar mudança na administração municipal, segundo pesquisas de opinião divulgadas nos últimos meses. A medida é um dos argumentos de lideranças menos conhecidas do eleitorado para defender seus nomes. Quando Kassab deixou o DEM para articular a criação do PSD, arrebanhando seis vereadores tucanos, houve quem apostasse em um racha. Mas Alckmin logo garantiu que não haveria ruptura e manteve o partido na base do prefeito. Agora, a defesa de mudanças ou ajustes sugere algum distanciamento.

Andrea Matarazzo deixou claro que há um grau de insatisfação com a gestão Kassab, lembrando que “governos têm altos e baixos”. “Temos de trabalhar sempre para melhorar e estabelecer os objetivos que as pessoas querem, dentro daquilo que é possível fazer”, teorizou. Questionado se trabalharia em uma perspectiva de mudança, Matarazzo disse: “Vamos fazer aquilo que tem que ser feito pela cidade”.

Apesar do ensaio de discurso por mudanças, o secretário estadual de Cultura acredita que o foco do PSDB na capital em 2012 será o de implementar na cidade “o modelo que temos há 16 anos (no estado), porque é um modelo que deu certo”, argumentou. 

José Aníbal concordou, dizendo que o PSDB tem uma historia “bem característica” em São Paulo. Ele acredita que, nos pontos mal avaliados da gestão Kassab, os tucanos terão um “programa afirmativo para que a cidade mude”, porque “São Paulo precisa melhorar”. Ele citou questões como crescimento econômico, bem estar e a necessidade de estar “na vanguarda do ponto de vista do Brasil”.

“Uma administração nunca é igual a outra, mesmo que seja o mesmo gestor”, disse Trípoli. “As coisas mudam e as pessoas têm a tendência de melhorar com o tempo”, completou.

Bruno Covas foi mais duro. “Precisamos reconhecer os avanços que tivemos nos últimos anos, e saber que não adianta esconder os problemas que persistem para debaixo do tapete”, disse.

Edição: Anselmo Massad

 

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