Haddad aposta em Enem como trunfo de sua pré-candidatura em São Paulo

Ministro da Educação afirma ainda acreditar em consenso para evitar prévias no PT paulistano. Jilmar Tatto e Carlos Zarattini disputam indicação

No domingo, Haddad confirmou inscrição para prévias, mas articulação por consenso segue intensa dentro do partido (Foto: Divulgação)

 São Paulo – O ministro da Educação e pré-candidato do PT à prefeitura da capital paulista em 2012, Fernando Haddad, afirmou que trabalha por um consenso em torno da escolha do indicado da legenda. Durante sabatina com filiados do partido, na segunda-feira (7), ele ainda defendeu o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), rechaçando o que ele qualifica de “partidarizar” a prova. Mesmo assim, Haddad aposta que é possível destacar as virtudes da iniciativa em eventual disputa eleitoral.

O evento ocorreu na região central de São Paulo, organizado pelo vereador Carlos Neder (PT). Haddad disputa a vaga de postulante à sucessão do atual prefeito Gilberto Kassab (PSD) com os deputados federais Ricardo Zarattini e Jilmar Tatto. Os senadores Marta Suplicy e Eduardo Suplicy, que chegaram a se lançar como pré-candidatos, desistiram, embora a ex-prefeita não tenha manifestado preferência entre os remanescentes. Suplicy declarou apoio ao ministro da educação, que conta ainda com o endosso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidenta, Dilma Rousseff.

As prévias estão marcadas para o dia 27 deste mês. Apesar disso, ainda há fortes articulações para evitar a disputa no voto entre filiados. “Não necessariamente isso (consenso para evitar prévias) vai acontecer, mas penso que é dever meu e deles tentar buscar esse entendimento, independentemente do calendário”, disse o ministro.

Ele garantiu que as propostas dos seus concorrentes de partido serão levados em consideração caso ele seja o indicaro. “Se os outros candidatos apresentaram condições para abandonar suas candidaturas trabalhamos sempre no plano programático, sob esse ponto de vista teremos total condições de incorporar as propostas deles”, explicou.

A estratégia foi uma das formas de angariar o apoio de Suplicy. Defensor ferrenho do programa Renda Mínima – que prevê um piso para uma espécie de salário-família piso para todas as famílias pobres –, a bandeira foi logo incorporada ao discurso do ex-ministros. Além disso, o senador teria dificuldades para alcançar o número necessário de assinatura de filiados a tempo da inscrição, cujo prazo encerrou-se na segunda.

Lideranças da tendência Construindo um Novo Brasil (antiga Campo Majoritário), que atualmente detém a maioria da executiva nacional do partido, acreditam que Haddad tem conseguido materializar a coesão que o PT paulistano almeja. Nas duas últimas eleições municipais, embora tenha ocorrido esse tipo de união em torno de Marta Suplicy – derrotada por José Serra (PSDB) e por Kassab – ela sofreu com a rejeição acumulada e até com preconceito, na visão dos petistas.

Apesar da articulação de lideranças de peso, Haddad esquivou-se quando questionado se estaria havendo uma ação de “rolo compressor” a favor de sua pré-candidatura. “Isso envolve todo mundo, todo mundo trabalhou muito (pela pré-candidatura), se dedicou muito. Na verdade tentamos construir uma unidade, até aqui tivemos algum êxito. Vamos esperar a decantação desse processo para ver qual vai ser o final”, disse.

Trunfo ou revés

Sobre as polêmicas envolvendo o Enem, Haddad disse acredita que problemas pontuais nos últimos três anos não devem representar entraves em uma eventual disputa eleitoral. Ao contrário, ele acredita que as qualidades da prova devem se sobressair. Em 2009, houve vazamento de conteúdo na gráfica que pertence ao Grupo Folha e a prova foi adiada. Em 2010, houve erros de impressão de cadernos de perguntas. Neste ano, 14 questões vazaram em uma escola de Fortaleza.

“Quem é contra o Enem, penso que está fazendo um mal negócio, de se colocar contra um programa que beneficiou tantas pessoas. Só com o ProUni (Universidade para Todos), o Enem colocará 1 milhão de jovens de baixa renda na universidade. O crime se combate com polícia, com inquérito, com investigação, nós não podemos partidarizar um exame que todo país desenvovido tem”, destacou.

O ministro ainda criticou a administração municipal da capital. Ele afirma que, em oito anos de Ministério da Educação – como ministro ou secretário executivo – não conseguiu fazer um convênio sequer com a cidade de São Paulo. “Só creches, foram 4 mil no país e nenhuma em São Paulo”, disse. “Temos uma perspectiva de trabalho conjunto com o governo federal, (condição) que nem a Marta nem a (a ex-prefeita Luiza) Erundina tiveram”, avaliou.

Outros partidos

Fora do PT, também há pouca certeza sobre nomes, mas a temporada de especulação está deflagrada. O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles migrou para o PSD, do prefeito Gilberto Kassab, e mudou seu domicílio eleitoral de Goiânia para a capital paulista.

Pelo menos outros dois nomes colocados na corrida filiaram-se há mais tempo. O deputado federal Gabriel Chalita trocou o PSB, pelo qual foi eleito, pelo PMDB, onde conta com o apoio do também ex-socialista e presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

O presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Luís Flávio Borges D’Urso, não mantinha vínculo partidário antes de aderir ao PTB. É pré-candidato.

O vereador Netinho de Paula (PCdoB) e o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical (PDT), também se afirmam pré-candidatos.

No PSDB, a divisão se dá entre o secretário de Meio Ambiente do estado, Bruno Covas, e o deputado federal Ricardo Trípoli , que também manifestou desejo de concorrer. Além deles, são citados o senador Aloysio Nunes Ferreira e o ex-governador José Serra, embora não tenham declarado intenção de postular a candidatura.

 

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