No Rio, partidos começam a definir posições para eleições de 2012
Atual prefeito, Eduardo Paes é favorito. Na foto, ele aparece ao lado de estátua de Ismael Ribeiro, morador homenageado no Complexo do Alemão (Foto: Beth Santos/Divulgação prefeitura) Rio de Janeiro […]
Publicado 28/09/2011 - 22h59
Atual prefeito, Eduardo Paes é favorito. Na foto, ele aparece ao lado de estátua de Ismael Ribeiro, morador homenageado no Complexo do Alemão (Foto: Beth Santos/Divulgação prefeitura)
Rio de Janeiro – Ainda falta um ano para as eleições municipais, mas os principais partidos do Rio de Janeiro já se encontram em intensa movimentação política. A definição de apoios e candidaturas nas maiores cidades, como de hábito, coloca em choque projetos pessoais e partidários, e esse sismo se traduz em rachas e trocas de legenda. Tendo como protagonistas, de um lado, a aliança PT-PMDB que governa a capital e a maior parte dos municípios fluminenses e, de outro, a oposição espalhada em legendas como PSDB, DEM, PV, PR e PSOL, o embate nas urnas em 2012 será decisivo também para definir o tabuleiro da sucessão do governador Sérgio Cabral (PMDB) em 2014.
Fazer com que a aliança entre o PMDB e o PT sobreviva no Rio de Janeiro passa hoje, na visão da direção dos dois partidos, por garantir a reeleição do prefeito peemedebista Eduardo Paes na capital. O esforço para reeditar em torno de Paes a ampla aliança existente no governo federal provavelmente fará com que o prefeito carioca tenha mais de dez legendas em sua coligação, assim como aconteceu com Cabral no ano passado. A mudança mais significativa é a entrada do PT na chapa majoritária, já que o vereador petista Adilson Pires, indicado pelo partido, deverá ser o vice-prefeito de Paes. Além da aproximação oficial do PT já no primeiro turno, o prefeito conta com o apoio de partidos importantes na política da cidade, co mo PSB, PCdoB, PDT e PRB.
O apoio a Paes faz o PT adiar mais uma vez o sonho de chegar à prefeitura do Rio. A contrapartida esperada pelos petistas é o apoio do PMDB aos nomes do PT – sobretudo os candidatos à reeleição -em alguns municípios do interior, o que atenderia à estratégia do partido de consolidar e aumentar sua presença em todo o estado. No entanto, pelo andar da carruagem, esse apoio do PMDB pode acabar não saindo do papel, já que o partido anunciou há alguns dias que pretende conquistar 45 prefeituras no interior do Rio, em especial nas cidades economicamente mais importantes da Região Metropolitana e da Baixada Fluminense. Justamente onde o PT também pretende crescer e ter candidatura própria.
Pelo lado peemedebista, o comando da articulação política para a consolidação de alianças e chapas em todo o estado passa pelo presidente regional do partido e ex-presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani, e pelo vice-governador, Luiz Fernando Pezão. Pelo PT, têm tomado parte nas articulações o senador Lindbergh Farias e o presidente nacional do partido, Rui Falcão, entre outros: “A aliança com o PT é sólida no Rio, e o arco de apoios que se está construindo em torno da reeleição de Eduardo Paes mostra isso. No interior, o PMDB lançará candidatos onde tiver chances de vitória”, resume Picciani.
A relação política entre PT e PMDB no Rio não é simples, e a presença de Pezão e Lindbergh na linha de frente das negociações para as eleições do ano que vem indicam que os dois partidos estão mirando longe, mais precisamente em direção à sucessão de Cabral em 2014. O senador e o vice-governador são nomes naturais em seus respectivos partidos e suas eventuais candidaturas contariam com o apoio dos militantes, mas se ambos concorrerem ao Governo do Rio a aliança entre o PMDB e o PT no estado terá implodido.
Até lá, o xadrez político será jogado, mas, no que depender da opinião das principais lideranças nacionais do PT e do PMDB, tudo deverá ser feito pela manutenção da aliança. Isso ficou claro quando, durante uma pajelança realizada com integrantes da base aliada em agosto no Rio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que no ano que vem não subirá em palanques onde não houver entendimento político entre os partidos. A presidente Dilma Rousseff também já teria manifestado a ministros e parlamentares do Rio sua preocupação com a manutenção da aliança, em especial na capital, uma vez que o Rio receberá grandes eventos internacionais como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Racha no PSDB
Enquanto petistas e peemedebistas se debruçam sobre perspectivas de poder futuro, a realidade nos principais partidos de oposição é a luta para voltar a ter densidade eleitoral e relevância política nos maiores colégios eleitorais do Rio de Janeiro. Principal legenda de oposição em nível nacional, o PSDB planejava retornar com força ao cenário político, sobretudo na capital, mas seu caminho tem se mostrado pedregoso. No início de setembro, o prefeito de Duque de Caxias e campeão de votos José Camilo Zito colocou ponto final em uma crise que se estendia desde o ano passado e anunciou que está trocando o PSDB pelo PP, comandado no Rio pelo senador Francisco Dornelles. Em 2010, Zito apoiou a reeleição de Sérgio Cabral, c ontrariando a orientação da direção regional tucana, que apoiou a candidatura de Fernando Gabeira (PV). Na eleição do Rio, apoiará Eduardo Paes.
A disputa entre tucanos pela prefeitura da capital também acabou em racha. Contrariada por não contar com o apoio dos diretórios zonais do PSDB para viabilizar sua pré-candidatura, a vereadora Andrea Gouvêa Vieira foi outra a anunciar que abandonará a legenda. Seu destino ainda está indefinido, mas é provável que vá para o PPS ou para o PV, onde teria espaço para se candidatar. Elegante, o PSDB já anunciou que não acusará a parlamentar de infidelidade nem brigará pela cadeira na Câmara dos Vereadores. O candidato tucano à prefeitura do Rio deverá ser mesmo o deputado federal Otávio Leite, que pretende comandar o início de uma reviravolta na história do partido no Rio: “Estamos saindo do fundo do poço para voltar a crescer”, diz.
Garotinho e Cesar
As eleições municipais do ano que vem serão também mais uma oportunidade – talvez a última – para dois nomes de peso da política do Rio de Janeiro tentarem voltar a influenciar de maneira decisiva a política do estado. O deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho, do PR, e o ex-prefeito Cesar Maia, do DEM, experimentarão por intermédio dos filhos uma inédita aliança na capital, onde o deputado federal Rodrigo Maia (DEM) será candidato a prefeito, tendo como vice a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR).
Além de voltar a crescer na capital, o PR pretende consolidar sua presença no município de Campos, onde a prefeita Rosinha Garotinho é favorita à reeleição. O maior adversário de Rosinha talvez seja a Justiça Eleitoral. Na quarta-feira (28), por decisão da 100ª Zona Eleitoral, a prefeita teve seu mandato novamente cassado por um processo de 2008 em que é acusada de propaganda eleitoral irregular em veículo de comunicação. A decisão acata orientação dada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que, após analisar os recursos da defesa, decidiu remeter o caso de volta à comarca de origem. A decisão também torna a ex-governadora inelegível por três anos, a contar de 2008, mas a punição acaba em outubro e não impedir á que Rosinha dispute as eleições do ano que vem.
O DEM, por sua vez, aposta suas fichas em Nova Iguaçu, com o candidato Rogério Lisboa. Outra preocupação de Cesar Maia até as eleições, no entanto, será evitar a debandada de quadros do partido no interior para o recém-criado PSD. Esse caminho, para desgosto de Cesar, já foi trilhado por aquele que talvez fosse o melhor nome do DEM para concorrer na capital: o deputado federal Indio da Costa, que foi vice na chapa presidencial do tucano José Serra no ano passado. Já filiado ao PSD, Indio declarou apoio a Paes: “Ele será o prefeito da Copa e das Olimpíadas. A agenda positiva está com ele”, justificou.
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