Brasília – A composição paritária entre homens e mulheres nas instâncias de direção do Partido dos Trabalhadores (PT) retoma as raízes inovadoras da legenda, na visão da deputada federal Janete Pietá (SP). “Venceu o PT inovador, que sempre abre os caminhos, para que os outros sigam exemplos”, comemorou a deputada, assumidamente “emocionada” com o “dia histórico”, segundo ela. Cada diretório municipal, estadual e também o nacional terão de ser compostos por, no mínimo, 50% de mulheres, a partir do próximo Processo de Eleições Diretas (PED), em 2013.

Janete lembra que foi também o PT, em 1991, o primeiro partido a adotar a cota de 30% para candidatas mulheres nas eleições proporcionais – para Câmara de Vereadores, Assembleias Legislativas e Câmara dos Deputados.  Atualmente, a reserva de um terço de candidatas mulheres para essas vagas é exigência legal para todos os partidos.

Inovadora, a proposta criou certa polêmica prévia, com alguns delegados propondo uma fase de transição: 40% de mulheres em 2013, e 50% na PED seguinte. Ninguém defendeu qualquer proposta alternativa em plenário e a medida foi aprovada por unanimidade. “A decisão mostra maturidade no PT da percepção de que não se faz democracia sem a participação efetiva de 52% da população brasileira”, avalia Janete, que é coordenadora da bancada feminina na Câmara dos Deputados. “Agora nossa tarefa principal será fazer formação política das mulheres, que irão assumir esses cargos.”

“Enem”

A proposta de uma formação mínima para novos filiados também foi aprovada, apesar de bem desidratada. Alguns dirigentes chegaram a apelidar de “Enem” as exigências colocadas aos novos filiados, por sua rigidez. A resolução final exige que cada Diretório Municipal organize 4 eventos por ano – sem especificar se são cursos de formação ou palestras. Cada novo filiado é obrigado a participar de um desses eventos por ano. A decisão sobre a realização de prévias no partido, assim como a discussão sobre alianças e estratégia eleitoral para 2012, ficou para a manhã de domingo.