Dilma atribui respeito a Alckmin à herança de Lula

Na assinatura de convênio do trecho norte do Rodoanel, troca de elogios é renovada. Governador lança mão de frase de Mário Covas para enaltecer presidenta

O clima de cordialidade entre Geraldo Alckmin e Dilma Rousseff acontece desde o inícios dos novos governos (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

São Paulo – A presidenta da República, Dilma Rousseff, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mantiveram o clima de cordialidade que tem marcado a relação entre ambos desde o início dos novos governos, há nove meses. Os dois tiveram um dia de agenda pública comum, primeiro em Araçatuba, no interior paulista, e depois no Palácio dos Bandeirantes, residência oficial do governador, para assinatura de convênio para repasse de recursos para obras do trecho norte do Rodoanel – a polêmica obra rodoviária no entorno da região metropolitana da capital.

“Não é mais possível que tenhamos, em divergências pessoais ou políticas, obstáculos para a realização de investimentos absolutamente imprescindíveis para o desenvolvimento do país”, afirmou Dilma. Logo no início do discurso, ela agradeceu ao tucano, a quem chamou de “parceiro extraordinário”, na mesma linha da fala que havia realizado em agosto, quando do lançamento da etapa Sudeste do programa Brasil sem Miséria.

Desta vez, a presidenta fez um adendo com cara de recado aos que veem diferença entre o comportamento dela e o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Uma das questões mais importantes que me foi legada pelo governo Lula foi essa absoluta importância das parcerias republicanas”, enfatizou. Ela ressaltou que houve, nos últimos anos, um amadurecimento político e institucional do país. 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, convidado de Alckmin na cerimônia de agosto, desta vez não esteve presente. A presença ilustre ficou por conta do ex-governador José Serra, derrotado por Dilma nas eleições de 2010 e rival político do atual governador. A Serra, no entanto, não foi dispensado o mesmo tratamento dado a FHC, que à ocasião foi convidado a se sentar à mesa de autoridades presentes. Além dele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi chamado, mas não compareceu por ter outros compromissos acertados previamente.

O evento no Palácio dos Bandeirantes marcou a assinatura de acordo que prevê a liberação de R$ 1,7 bilhão pelo governo federal para as obras do trecho Norte do Rodoanel. Trata-se de um anel viário que interliga as rodovias que servem à cidade de São Paulo com o objetivo de evitar que o transporte de cargas em direção a outras regiões acabe por afogar o trânsito na capital paulista – a obra é contestada por ambientalistas e urbanistas.

De acordo com o governo estadual, o último ramo da obra terá 43,8 quilômetros de extensão, com custo estimado em R$ 6,51 bilhões. A promessa de Alckmin é de que não haverá remoção de famílias sem a cessão de novas moradias. Além disso, após pressão de grupos que lutam por preservação ambiental, o Parque Estadual da Cantareira não será diretamente impactado pela obra, como previa o projeto original.

Alckmin enfatizou a importância da conclusão de todos os trechos do Rodoanel para interligar o aeroporto de Cumbica com o porto de Santos, os maiores da América Latina nos respectivos campos de serviços. O governador, desta vez, optou por um discurso técnico, diferente do realizado em agosto, e reservou os elogios abertos a Dilma para o final, quando lembrou uma frase do ex-governador Mário Covas, a quem sucedeu em São Paulo.

“Quando falo em seriedade, falo em honestidade. Vou mais longe e falo em integridade. Falo na capacidade que cada um tem de se conduzir de forma adequada em cada circunstância, em cada momento, fazendo com que a política seja colocada a um plano acima de cada político”, recordou o governador. Em seguida acrescentou: “Acredito, presidente Dilma, que é isso que estamos fazendo hoje aqui”.

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