Após “trauma” de 2008, PT trabalha por união em Santo André, no ABC paulista

Deputado estadual Carlos Grana vai disputar pela primeira vez o comando da prefeitura, administrada pelo partido durante 15 anos

Grana participa da discussão do Orçamento Participativo na Câmara de Santo André (Foto: José Alfredo/ Imprensa Carlos Grana)

São Paulo – O PT fechou aposta na unidade para retomar a prefeitura de Santo André, no ABC paulista, após a derrota traumática de 2008. O deputado estadual Carlos Grana foi o nome escolhido na última semana para representar a sigla na disputa contra o atual prefeito, Aidan Ravin (PTB).

Após a desistência do ex-deputado Vanderlei Siraque, derrotado em 2008, e da decisão da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, de não entrar no processo eleitoral, o partido celebrou em especial a decisão de não disputar prévias. “Foi um passo gigantesco. Nas duas vezes em que disputamos prévias, em 1991 e em 2007, o PT acabou dividido e deixou de conquistar a prefeitura”, afirma Grana. Também desistiram do processo e anunciaram apoio a Grana o ex-prefeito João Avamileno e a ex-vice-prefeita e ex-secretária de Orçamento e Planejamento Participativo de Santo André Ivete Garcia.

A última derrota está fresca na memória dos petistas do ABC. Em 2008, Siraque dava a impressão de que liquidaria a fatura no primeiro turno, mas terminou com 48,9%. Faltavam, portanto, 2,1 pontos a serem conquistados durante a segunda metade da campanha, mas o partido foi surpreendido pela virada de Aidan. 

A avaliação daquela derrota para evitar novos contratempos é importante, admite o pré-candidato, que prefere deixar o debate para o consumo interno. Racha interno e autoconfiança excessiva, chamada popularmente de “salto alto”, são citados rapidamente, após alguma insistência, como dois fatores de um grande conjunto que levou ao fracasso. “O que vamos procurar fazer é evitar o grande erro de estabelecer disputas acirradas”, diz Grana. 

Grana é estreante em disputas ao Executivo. Em 2010, candidatou-se pela primeira vez a um cargo eletivo em 30 anos, e foi eleito deputado estadual com 126.973 votos – 25 mil deles foram em Santo André, uma das credenciais para assumir a pré-candidatura. Antes disso, desde a década de 1980 dedicou-se à vida sindical, tendo sido diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e secretário-geral da CUT. “Apesar de novato, estou muito tranquilo, muito preparado, muito seguro”, garante.

Na disputa, pode contar a seu favor o peso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, por sinal, prefere que a escolha dos candidatos da sigla em 2012 se dê de maneira consensuada, sem disputas internas por meio de prévias. Santo André tem no quadro eleitoral paulista um papel-chave para o PT. Em São Bernardo do Campo, o petista Luiz Marinho parte para tentar a reeleição. Diadema, Mauá e Ribeirão Pires também são administradas pelo partido.

Ganha importância, com isso, retomar o antigo bastião. Santo André foi administrada pela sigla durante 15 anos. Entre 1989 e 1992 e entre 1997 e 2002 por Celso Daniel, e de 2002 a 2008 por João Avamileno. “Precisamos dar continuidade ao processo de transformação da cidade iniciado por Celso Daniel. Essa é a prioridade. Transformar Santo André em um modelo de gestão pública e desenvolvimento. É preciso voltar a ter planejamento”, pondera o deputado.

Para ele, a atual administração elegeu-se tendo em vista a melhoria na saúde, mas não conseguiu cumprir a promessa. Além disso, pesa contra Aidan o corte de “diálogo social”, ou seja, de políticas públicas tomadas com base nas propostas da sociedade, em especial o Orçamento Participativo, uma marca de gestões municipais do PT paulista.

 

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