Pedro Simon ‘só quer’ que Dilma continue agindo contra a corrupção

Em tom de crítica a governos anteriores, movimento encabeçado pelo senador Pedro Simom critica rebeldia dos deputados

Pedro Simon disse que nenhum ministro vai querer fazer qualquer bobagem, pois sabem que com Dilma não se brinca (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)

São Paulo – Na trilha inversa à de parte dos parlamentares da base governista, um grupo de senadores aliados ao governo lança um movimento de apoio às medidas tomadas pela presidenta Dilma Rousseff nos recentes episódios de denúncias em ministérios. O movimento é encabeçado pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Em entrevista exclusiva à Rede Brasil Atual, Simon afirma que o apoio ao combate à corrupção surge para “dar mais ética e moralidade à política, para que o Brasil deixe de ser o país da impunidade.” O político também rebate os críticos quem enxergam apenas demagogia na iniciativa.

Enquanto as mudanças nos ministérios feita por Dilma, ao lado do corte de verbas do Orçamento previstas para emendas parlamentares, desagradou a muita gente na Câmara, setores do Senado enxergam no rigor da presidenta uma conduta positiva – e ausente em governos anteriores.

A reação de Dilma às acusações de corrupção e fraudes derrubou dois ministros – Transportes e Agricultura; se consideradas as suspeitas de conflito de interesses, caberia incluir também a Casa Civil – e dezenas de funcionários de segundo escalão. O PR, partido que comandava o Ministério dos Transportes, já se rebelou e deixou a base aliada, passando a declarar-se independente nas votações..

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Rede Brasil Atual – Do que se trata o movimento parlamentar, lançado pelo senhor, de combate à corrupção?
O movimento visa a dar cobertura a uma situação que está em ascendência no Brasil, o combate à corrupção, no sentido de dar mais ética e moralidade à política, para que o país deixe de ser o país da impunidade. O grupo apoia as decisões que a presidenta vem tomando contra as denúncias de irregularidades, que já causaram a queda de quatro ministros. Isso contraria o que foi feito nos dois governos anteriores, em que, por mais que aparecessem casos de corrupção, não víamos providências serem tomadas.

RBA – Por criticar mandatos anteriores, esse movimento poderá manchar o governo Lula?
Não podemos fazer um movimento desse tipo querendo olhar para trás. O importante é que daqui para frente a coisa seja bem feita.

Por que esse movimento no Senado?
Começou a surgir no Congresso um movimento de rebeldia, que ameaçava dar resposta à presidenta boicotando matérias do interesse do governo e pretendia fazer uma série de acusações (contra o governo). Nosso movimento é para contribuir para que a presidenta resista e continue trabalhando dessa forma (tomando medidas contra a corrupção no Executivo federal).

Com isso, vamos evidenciar que Dilma está agindo. Tenho a impressão que nenhum ministro vá querer fazer qualquer bobagem, pois saberá que com ela não se brinca, leva o troco na hora.

RBA – O que dizer a quem critica esse tipo de postura no Congresso, considerando uma demagogia?
Se tem gente que considera essa uma postura demagógica, nós vamos caracterizar isso. O povo vai saber o nome dos “demagogos” – e eu sou um deles –, e os nomes dos” não demagogos”, que não querem combater a corrupção. Nós só queremos que a presidenta continue agindo contra a corrupção. Onde está a demagogia nisso, eu não sei. O que eu gostaria de saber é por que as pessoas fazem represálias contra esse tipo de atitude.