Ministro dos Transportes cai e se torna quarta mudança no governo Dilma

Alfredo Nascimento caiu após investigação que denunciou o pagamento de proprina ao Dnit

Alfredo Nascimento voltará ao Senado após deixar ministério (Foto: Renato Araujo/Agência Brasil)

São Paulo – O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, confirmou sua saída do governo na tarde desta quarta-feira (6). Ele estava no centro de uma crise da cúpula de seu partido, o PR. Reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e senadores da legenda definiram o destino do ministro. É a quarta mudança no primeiro estalão do governo.

No sábado (2), Dilma havia solicitado o afastamento do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luís Antonio Pagot, do chefe de gabinete, Mauro Barbosa da Silva, do assessor do gabinete, Luís Tito Bonvini, e do diretor-presidente da empresa pública de ferrovias Valec, José Francisco das Neves.

Na terça (5), o Senado aprovou um convite para Nascimento prestar esclarecimentos. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvati, sugeriu que o ministro antecipasse a ida ao Senado, que aconteceria só na próxima semana, para explicar as denúncias. Sobre os convites para se explicar, o ministério informou, em carta, que Nascimento iria prestar todos os esclarecimentos.

“Com a determinação de colaborar espontaneamente para o esclarecimento cabal das suspeitas levantadas em torno da atuação do Ministério dos Transportes, Alfredo Nascimento também decidiu encaminhar requerimento à Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal. O senador está à disposição da PGR para prestar a colaboração que for necessária à elucidação dos fatos”, diz um trecho do comunicado do ministério.

Nascimento virou alvo de investigações a partir de denúncias publicadas na mídia sobre superfaturamento e pagamento de propina em contratos do Dnit, órgão vinculado ao ministério. As acusações eram baseadas em indícios de cobrança de propina de 4% a 5% para que contratos com consultorias e empreiteiras fossem firmados no ministério. Como o dinheiro seria encaminhado à cúpula do PR e repassado a parlamentares, a suposta estrutura foi batizada de “mensalão do PR”.

Há ainda acusações sobre o aumento de 830 vezes do patrimônio do filho do titular da pasta. Uma empresa de construção de Gustavo Morais Pereira teria aumentado de valor de 2005 a 2011, de R$ 60 mil para R$ 50 milhões.

A carta do ministério ainda destaca que “Alfredo Nascimento reassumirá sua cadeira no Senado Federal e a presidência nacional do Partido da República (PR)”. Um dos nomes cotados para substituir de imediato Nascimento é o de Paulo Sérgio Passos, hoje secretário-executivo dos Transportes. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira (SP), chegou a confirmar, no Twitter, que Passos sucederia Nascimento. Na sequência, desmentiu a informação.

Antes da mudança nos Transportes, Dilma havia promovido alterações em três outros ministérios. Na Casa Civil, Antonio Palocci foi substituído por Gleisi Hoffmann após a revelação de que o patrimônio do ex-deputado federal por São Paulo teria aumentado 20 vezes em quatro anos. As outras trocas envolveram mudanças de postos entre os titulares da Pesca e Aquicultura e da Secretaria de Relações Institucionais. Luiz Sérgio ficou no primeiro e Ideli Salvatti foi para a segunda.

Novas denúncias

Durante todo o dia, em Brasília, foram muitos os boatos de que novas denúncias seriam publicadas na mídia. Antes que isso acontecesse, decidiu pedir demissão. Na tarde desta quarta, a IstoÉ divulgou vídeo com diálogo entre Nascimento e o principal dirigente do PR, deputado Valdemar Costa Neto (SP). A presidenta Dilma teria avaliado que Nascimento estaria fragilizado diante da possibilidade de publicação de novos dados que o comprometessem diretamente.

Nesse cenário, a oposição anunciou ter avançado na coleta de assinaturas para uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado. Eles teriam obtido 21 das 27 firmas exigidas para a abertura da investigação. Mesmo parlamentares de partidos da base aliada de Dilma, como PP, PDT e PMDB, teriam encampado a iniciativa.

Líderes do DEM e do PSDB haviam solicitado à Procuradoria Geral da República apuração sobre as denúncias contra Nascimento. Após revelações sobre seu filho, a oposição promete voltar ao órgão para demandar ampliação da investigação.

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