Ao assumir, Gleisi coloca gestão e coordenação de projetos à frente de articulação política
Nova ministra da Casa Civil lembra, porém, que política e técnica andam unidas
Publicado 08/06/2011 - 16h57
Gleisi considera que a escolha de uma senadora mostra respeito e consideração pelo Legislativo (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
São Paulo – A nova ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, assumiu o cargo na tarde desta quarta-feira (8), colocando a gestão e coordenação do programa de governo da presidenta Dilma Rousseff como prioridades. Ela admitiu que suceder Antonio Palocci é um desafio. O ex-ministro, por sua vez, disse não estar abatido pelo “tropeço” que sua saída representa.
“Estamos aqui para garantir cidadania e dignidade que precisam da proteção do Estado”, prometeu Gleisi. “E para fazer a coordençao, gestão e controle dos programas do governo.” Ela afirmou contar com o apoio da Presidência para isso, dando a entender que seu papel será menos de articulação política do que administrativa. Mas ela lembrou que as atribuições não se separam. “A política dá sentido à tecnica e esta credencia a política.”
Para ela, a escolha de uma senadora indica respeito e consideração pelo Legislativo. A declaração é uma resposta a críticas de parlamentares da base governista, que reclamam do tratamento conferido pelo Palácio do Planalto aos congressistas. “Nós (ministros) somos servidores do projeto e do povo brasileiro.”
Gleisi agradeceu ainda aos paranaenses, à presidenta e, especialmente, ao marido e ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (“companheiro de caminhada e de vida”), e aos filhos.
Libriano
Palocci, ao deixar o cargo, citou o escritor Machado de Assis para lembrar que “o inesperado nos torna frágeis e propõem recomeços”. Ele disse ainda que muitos amigos o aconselharam a deixar a Casa Civil, apesar da decisão da Procuradoria Geral da União (PGU) de arquivar as representações contra o ministro.
“Não quero fazer deste ato um momento triste, a vida é uma luta permanente, não costumo me abater pelas quedas do Caminho. Havia e haverá sempre pedras na caminhada”, filosofou. “Contruir pontes significa respeitar contradições, ouvir mais que falar, trabalhar mais.”
O agora ex-ministro lembrou que é libriano (nasceu em 4 de outubro de 1960), signo ao qual se associam qualidades políticas e de mediação. “O diálogo é a viga mestra para formação de consensos que fazem e farão o Brasil avançar”, avaliou.
Ele agradeceu Dilma pela oportunidade de servir ao governo e transmitiu votos de boa sorte à Gleisi – com quem trabalhou na equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva com Fernando Henrique Cardoso, em 2002. Palocci avisou sua sucessora que ela encontrará “servidores leais e comprometidos” com o bem do país.
Palocci formalizou sua demissão na terça-feira (7), por meio de carta encaminhada a Dilma. Ele não resistiu ao desgaste provocado pela divulgação de que seu patrimônio cresceu 20 vezes nos últimos quatro anos, período no qual conciliou o mandato de deputado federal com trabalhos na Projeto Consultoria. A empresa, da qual é sócio, prestava serviços a grandes companhias do país, o que motivou suspeitas e acusações de oposicionistas por tráfico de influência.
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