Líder do PT pede que governo ‘azeite’ relação com a base

Paulo Teixeira nega crise política após semana de derrota no Código Florestal, recuo no kit contra homofonia e bombardeio no caso Palocci

Reunião do PT na Câmara, parte da semana atribulado do partido (Foto: ABr)

Brasília – O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira (SP), defende que o governo “azeite” as relações com sua base de sustentação no Congresso Nacional. Diante do que ele chama de “desorganização” da base, a Presidência e os ministérios precisam agir para garantir uma fluidez maior nos vínculos com os parlamentares que apoiam o governo no Congresso.

Com sinais claros de cansaço após uma semana intensa no Congresso Nacional, o líder petista atendeu a Rede Brasil Atual na noite de quinta-feira (26) para uma entrevista breve. E a conversa ainda foi interrompida por um telefonema do ministro da Educação, Fernando Haddad.

Teixeira rechaça a ideia de que haja uma crise estabelecida no governo federal, apesar de os últimos dias terem sido de desgastes em pelo menos três frentes. Ele trata como situações bem separadas a aprovação do novo Código Florestal, veto a kit anti-homofobia do Ministério da Educação (MEC) e as suspeitas de tráfico de influência e as pressões da oposição por investigação de Antonio Palocci, ministro-chefe da Casa Civil.

Segundo ele, o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) teve contornos de definição na eleição para a presidência da Câmara em 2013, para os dois últimos anos da Legislatura (com Henrique Eduardo Alves, líder do partido, colocando-se como candidato). No caso do kit, ele vê recuo pontual, enquanto o caso Palocci não contém ilegalidades.

O ministro-chefe da Casa Civil enriqueceu nos últimos quatro anos, aumentando em 20 vezes seu patrimônio. Ele acumulou a função de deputado federal com uma consultoria econômica. Os oposicionistas suspeitam que Palocci possa ter cometido crime de tráfico de influência para favorecer clientes seus.

Confira a íntegra da conversa.

Rede Brasil Atual – A semana teve três fatos que desgastaram a imagem do governo. Ainda que não envolvam as mesmas questões, o Código Florestal, o kit contra a homofobia e o caso Palocci formam uma crise a menos de cinco meses completos de gestão?

Paulo Teixeira – Não há crise. No Código Florestal, o que determinou derrota do governo foram duas razões. Primeiro, o governo entrou tarde no debate. A segunda razão foi a disputa que o PMDB fez para ter a presidência da casa (em 2013). A partir dessa disputa, (o PMDB) quis se consoloidar na presidência dos últimos ano da legislatura. O PMDB continuará votando com o governo, mas escolheu este tema (do Código Florestal) para fazer campanha.

O tema do Palocci gerou forte discussão porque ele prestou esse serviço, tinha uma empresa de consultoria através da qual fez um trabalho. Tinha um emprego de consultor, fez um conjunto de palestras, assessorava empresas. É assunto privado. Houve um volume de entrada na última fase, porque foi preciso fechar os contratos para mudar natureza da empresa para assumir o cargo. Por isso os recebíveis vieram concentrados em um período. Não há qualquer vínculo de campanha. É um momento de desgaste, mas não caracteriza crise no governo.

O kit (contra) homofobia foi um produto desenvolvido por uma ONG ainda sem aprovação do MEC. Nesse contexto (de pressão da bancada evangélica) o governo recua não no programa de combate à homofobia, mas exatamente daquele produto. Na estratégia de lançamento, sofreu uma guerra.

No caso Palocci, a base parece agir com coesão para barrar requerimentos, mas no Código e no kit, dois setores que também fazem parte da base – ruralistas e evangélicos – puseram asas de fora. O que o governo deveria fazer para conter esse início de, digamos, rebelião?

Eu diria desarranjo. Aliás, nem desarranjo, é desorganização. O governo precisa reorganizar em bases mais sólidas (seu bloco de apoio), mas não chamaria de rebelião nem de crise.

Mas há uma insatisfação dos partidos aliados, que até atinge parlamentares do PT, em relação à falta de atenção de ministros e da Presidência. Reduzir o descontentamento faz parte dessa reorganização?

Nesse caso, é preciso calibrar, azeitar essa relação política com a base. Tem que ajustar.

Isso envolve o quê?

Há um sentimento de que é preciso ter mais fluidez na relação política, no atendimento aos partidos, no diálogo com a base. É nesse sentido que o governo precisa agir.

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