Ex-prefeito de São Bernardo usa verba para pagar agência instalada em seu escritório particular

São Paulo – William Dib (PSDB), deputado federal e ex-prefeito de São Bernardo do Campo (no ABC paulista), usou verba pública para contratar uma agência de comunicação que funciona em […]

São Paulo – William Dib (PSDB), deputado federal e ex-prefeito de São Bernardo do Campo (no ABC paulista), usou verba pública para contratar uma agência de comunicação que funciona em seu próprio escritório, no bairro Vila Dusi, naquela cidade.

O tucano gastou R$ 13,3 mil com a empresa de publicidade Serviços de Comunicações do ABC, que, de acordo com o cartão de visita da própria agência, funciona na sede do escritório de Dib. A verba utilizada foi ressarcida pela Câmara dos Deputados.

Os contatos apresentados no cartão, e também na lista telefônica (disponível na internet), ainda vinculam o mesmo telefone entre a Serviços de Comunicação do ABC e o escritório político do tucano.

De acordo com o site da Câmara dos Deputados, a agência recebeu o recurso público referente aos serviços prestados para o parlamentar em fevereiro passado, primeiro mês de mandato de Dib.

O cartão de visita da  Serviços de Comunicação ABC, aponta Silvio Parpinel como proprietário da empresa. A reportagem do ABCD Maior lobteve a confirmação de que Parpinel trabalha no local.
A assessoria do deputado também confirmou que, até “meados de 2010”, a Serviços de Comunicações ABC alugava parte do escritório político de Dib, mas nega que atualmente a empresa ainda esteja instalada no local.

Entretanto, ainda de acordo com a assessoria de imprensa, Parpinel comparece com freqüência ao escritório, com o objetivo de produzir materiais do tucano. A nota também confirma que Dib e Parpinel são “amigos de longa data”.

A Serviço de Comunicação do ABC não tem inscrição em entidades regulatórias de publicidade, como a Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) e o Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão).

Cada deputado federal tem uma cota mensal de aproximadamente R$ 27 mil para ressarcimentos. Especialistas ouvidos pela reportagem veem com estranheza a agência funcionar no escritório do deputado.

Para o professor de Política e Filosofia da FGV, Paulo Barsotti, mesmo com a legalidade do ato, o repasse é imoral. “Infelizmente não deve ser um caso isolado. Verba pública é repassada para determinadas organizações ligadas a candidatos, aos políticos e aos partidos. Este caso recai sobre a moralidade. Não deixa de ser uma promiscuidade”, avaliou o professor.

A coordenadora do Movimento Voto Consciente, Neuza Sollovitz, acredita que os eleitores têm de analisar e cobrar uma fiscalização.  “É muito estranho uma empresa que recebe verba pública ter qualquer relação com um político. Os deputados federais já recebem uma verba exorbitante para custeio e ainda fazem repasses duvidosos”, garantiu.

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