Danny Glover vê Brasil como ‘laboratório’ para mundo melhor

Danny Glover, com um boné da CUT, diz que se considera, nesta ordem, pai, cidadão e, também, ator (Foto: © Jailton Garcia) São Paulo – O ativista, ator e produtor […]

Danny Glover, com um boné da CUT, diz que se considera, nesta ordem, pai, cidadão e, também, ator (Foto: © Jailton Garcia)

São Paulo – O ativista, ator e produtor de cinema Danny Glover acredita que o Brasil é um “laboratório” do mundo na busca de um modelo de organização social que tenha como objetivo a vida digna para todos. Em visita à capital paulista para participar das comemorações do 1º de maio e de uma campanha internacional de trabalhadores da multinacional Sodexo, Glover concedeu entrevista de mais de duas horas a veículos da Rede Brasil Atual na manhã deste sábado (30). 

Com um boné da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o ator de 64 anos mostrou muito bom humor e disposição, apesar de  dois dias de viagens seguidas de avião. Rapidamente ele superou o cansaço inicial para falar a respeito de seu engajamento social e de pontos de vista sobre o movimento negro, de trabalhadores e de mulheres.

Glover considera que o mundo todo presta atenção no Brasil já que o país passa por importantes transformações, com sua economia a caminho de tornar-se a quinta maior do mundo. Ele lembrou que o movimento sindical emergiu e cresceu em um período de grandes mudanças e, neste momento, está na linha de frente da construção das formas para se lidar com um ambiente de crescimento econômico sem abrir mão dos esforços para promoção da desconcentração de renda e redução das desigualdades.

“A importância dos sindicatos no Brasil pode ser expressa pelo fato de que os dois últimos presidentes do país vêm de forças políticas ligadas a movimentos dos trabalhadores”, destacou. “Mas o que vai acontecer no futuro é o que vai definir este país na relação com sindicatos.”

Apesar de mostrar interesse pelos caminhos trilhados no país até aqui, ele sustenta que é preciso encontrar respostas para os novos desafios. “Sentar à mesa para negociar é uma forma de lidar com essa realidade, que inclui tudo, pobreza, segurança alimentar, como proteger a Mãe Terra”, enumera.

“Tudo isso vai estar no ‘laboratório’ do Brasil”, insiste. “Não podemos estar à margem, nem ser coadjuvantes, temos de apoiar esses esforços, se eles nos levarem a um mundo melhor, que permita uma vida digna a todos nós”, observou, ao valorizar a convergência de objetivos entre os movimentos sociais do Brasil e de países africanos, como destacam as comemorações do 1º de maio organizadas pela CUT.

Pai, cidadão e também ator

Um dos sócios da produtora L’Overture, Glover falou ainda sobre cinema e a indústria cultural. Ele acredita que é possível apostar em produções diferentes das atuais, em que apenas filmes de ação e certa dose de violência têm espaço. “Bom, é o que meu neto quer assistir”, diverte-se. “Mas não precisa haver apenas isso, as pessoas acabam sendo condicionadas na medida em que há apenas esse tipo de produção”, criticou.

Ele explicou que, muito antes de se tornar um ator de Hollywood, já se considerava um ativista social, engajado em lutas do movimento de afrodescendentes e, especialmente, em questões comunitárias. “Antes de tudo, sou pai – aliás, tenho certeza de que é meu melhor trabalho (risos). Depois, sou um cidadão. E só depois, ator”, resumiu.

Os principais trechos da entrevista serão publicados na edição de junho da Revista do Brasil, além de ser veiculada pela Rádio Brasil Atual ao longo da cobertura dos eventos do 1º de Maio. Uma equipe da TVT também acompanhou a entrevista.