Lula promete retomar ‘agenda mais forte’ no fim de abril

'Jamais serei um ex-militante político, um ex-militante sindical, um ex-militante social', avisa o ex-presidente

Lula listou pendências dos Estados Unidos com o Brasil (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete retomar a atuação política no Brasil na segunda quinzena de abril. Em entrevista à BBC Brasil e ao jornal Valor Econômico, em Portugal, onde vai receber um título honoris causa na Universidade de Coimbra, Lula explicou ainda por que não compareceu ao jantar promovido no Itamaraty ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, além de defender a investigação de violações de direitos humanos no Irã.

“A partir da segunda quinzena de abril eu vou fazer uma agenda mais forte dentro do Brasil”, prometeu. “Quero ajudar a fortalecer o PT, quero ajudar a fortalecer o movimento social, quero manter contato com o movimento sindical. Vou voltar à porta de fábrica em São Bernardo do Campo, porque eu apenas deixei de ser presidente da República, mas eu jamais serei um ex-militante político, um ex-militante sindical, um ex-militante social. Está na minha vida fazer isso e eu vou continuar fazendo porque é uma coisa que eu gosto e que eu preciso”, frisou.

Lula voltou a dizer que não há divergências dele com Dilma Rousseff. “Não há hipótese de haver divergência. Porque quando houver divergência, ela está certa”, brincou. A ausência de Lula no jantar com Obama foi justificada como uma forma de não competir com Dilma. Os ex-presidentes José Sarney (PMDB-AP) – também presidente do Senado –, Itamar Franco (PPS-MG), Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e Fernando Henrique Cardoso aceitaram os convites do Ministério das Relações Exteriores.

“Fazia apenas dois meses e meio que eu tinha deixado a Presidência. Eu acho importante que o Fernando Henrique Cardoso tenha ido, que o Collor tenha ido, que o Itamar tenha ido, que tenha ido o Sarney como presidente do Senado. Agora eu (…) não poderia voltar ao Itamaraty, tinha que deixar passar um tempo. Senão seria eu competindo com a nossa presidenta”, resumiu.

Sobre o Irã, Lula disse que é favorável ao envio de um relator da Oragnização das Nações Unidas (ONU) para investigar a condição dos direitos humanos no Irã, conforme aprovou o Conselho de Segurança da entidade. A medida foi entendida como uma mudança de postura do Brasil em relação ao que era praticado durante os dois mandatos de Lula no Palácio do Planalto.

“Eu sou favorável a que tenha um relator”, afirmou Lula. Ele ponderou que o relator “não é obrigado a concordar” com as acusações de outros países, em referência aos Estados Unidos, que patrocinaram a investida. Para o ex-presidente, não se pode impedir a investigação de “atrocidades contra os direitos humanos”.

Outra alfinetada nos Estados Unidos relacionou-se a pendências na relação com a Casa Branca. Ele citou a expectativa brasileira de obter apoio para um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, a retomada da Rodada de Doha de negociações sobre liberação comercial e o cumprimento da decisão favorável ao Brasil da Organização Mundial do Comércio (OMC) em relação aos subsídios do algodão.

 

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