Discursos: do combate à fome em 2003 à erradicação da miséria em 2011

A presidente Dilma Rousseff faz seu discurso de posse, no Congresso (Foto: Roberto Stuckert Filho) Brasília – Ao mesmo tempo em que reforça a linha-mestra defendida na reta final da […]

A presidente Dilma Rousseff faz seu discurso de posse, no Congresso (Foto: Roberto Stuckert Filho)

Brasília – Ao mesmo tempo em que reforça a linha-mestra defendida na reta final da campanha eleitoral, o discurso da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional lança o objetivo de fazer um governo de continuidade e de aperfeiçoamento do anterior.

Em 2003, Lula elegeu a fome como ponto central de sua fala aos parlamentares e à população brasileira. Oito anos depois, Dilma reitera que quer fazer de sua gestão a responsável pela erradicação da miséria. “Não vou descansar enquanto houver brasileiros sem alimentos na mesa…, enquanto houver crianças pobres abandonadas à própria sorte… Este é o sonho que vou perseguir!”

O discurso de cerca de 40 minutos minutos no plenário da Câmara neste 1º de janeiro foi redigido sob a égide da continuidade melhorada. “A superação da miséria exige prioridade na sustentação de um longo ciclo de crescimento. É com crescimento que serão gerados os empregos necessários para as atuais e as novas gerações.”

Outro projeto

Em sua primeira cerimônia de posse, Lula não deixava dúvidas quanto à ruptura com os governos anteriores ao iniciar sua fala colocando-se como o fruto da necessidade de colocar fim à visão neoliberal.

“Diante do esgotamento de um modelo que, em vez de gerar crescimento, produziu estagnação, desemprego e fome; diante do fracasso de uma cultura do individualismo, do egoísmo, da indiferença perante o próximo, da desintegração das famílias e das comunidades (…) a sociedade brasileira escolheu mudar e começou, ela mesma, a promover a mudança necessária.”

À ocasião, Lula falava sobre a necessidade de colocar o combate à fome como um projeto nacional em torno do qual deveriam se unir todos os setores, a exemplo do ocorrido com a Petrobras e com a luta pela redemocratização do país, e indicava a necessidade de acabar com a contradição de conviver com miséria extrema e riquezas gigantescas.

Em 2007, o agora ex-presidente já havia delineado um discurso que oscilava entre a mudança e a continuidade. Lula elencava os pontos em que o Brasil havia melhorado, entre eles o combate à fome e às desigualdades, e propunha acelerar as transformações.

“Muito tentamos nos últimos quatro anos, mas fatores históricos, dificuldades políticas e prioridades inadiáveis fizeram com que nosso esforço não fosse inteiramente premiado. Hoje a situação é bem melhor, pois construímos os alicerces e temos um projeto claro de país a ser realizado.” De certo modo, as palavras dirigidas ao Congresso no início do segundo mandato abordaram mais temas, indo da necessidade de incentivos ao desenvolvimento à política externa mais aberta e multifacetada.

Em seu discurso deste sábado, Dilma voltou a acenar com o entendimento com a oposição Mais uma vez, estendo minha mão aos partidos de oposição e às parcelas da população que não estiveram conosco na recente jornada eleitoral”.

O tema já havia sido abordado na fala da então recém eleita presidente à nação, em seguida ao término das eleições, quando chamou os concorrentes ao diálogo – no que não foi correspondida pelo principal adversário político, José Serra.

Lula, em 2007, dedicou parte de seu discurso a lamentar a postura oposicionista. “Não faltaram os que, do alto de seus preconceitos elitistas, tentaram desqualificar a opção popular como fruto da sedução que poderia exercer sobre ela o que chamavam de distribuição de migalhas. Os que assim pensam não conhecem e não entendem este País. Desconhecem o que é um povo sem feitores, capaz de expressar-­se livremente. O que distribuímos ­ é mais do que isso: socializamos ­ foi cidadania.”