Para analistas, relação de Dilma com Congresso será mais tranquila, apesar do PMDB

Temer pode unir PMDB, segundo Fontana. Para Maria Inês Nassif, rachas em partidos da base aliada poderia ser prejudial às legendas (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) São Paulo – Ao […]

Temer pode unir PMDB, segundo Fontana. Para Maria Inês Nassif, rachas em partidos da base aliada poderia ser prejudial às legendas (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

São Paulo – Ao assumir a Presidência da República, neste sábado (1º), Dilma Rousseff deve ter vida mais tranquila na relação com o Congresso Nacional do que teve o atual governo. Segundo analistas políticos, eventuais descontentamentos de partidos aliados podem ser problemas, mas não devem representar entraves para a aprovação de projetos do interesse do Executivo.

Para Maria Inês Nassif, em sua coluna publicada no jornal Valor Econômico, a futura presidente pode manter a relação com os partidos aliados qualificados por ela como tendo “perfil clientelista”. Para isso, ela precisará manter a ligação com seu partido, o PT, na base do debate político.

“A presidente eleita tem a seu favor também uma base de apoio parlamentar reforçada, que Lula não teve a sorte de ter em nenhum dos seus dois governos. Isso fortalece Dilma e enfraquece os partidos da coalizão, já que as dissensões podem ter efeito limitado de pressão dos partidos sobre o governo”, escreveu.

Em sua visão, nos dois mandatos de Lula, o PMDB tinha proporcionalmente um papel mais preponderante. “Se uma parcela muito grande do PMDB roesse a corda, não era possível aprovar nenhuma medida importante”, explicou. Com uma base mais diversificada, a avaliação de Maria Inês é de que uma dissidência poderia ser mais prejudical ao partido rachado do que ao governo.

Em entrevista ao Sul21, O editor executivo do portal Congresso em Foco, Rudolfo Lago, afirmou que a relação da presidente eleita com os peemedebistas será o termômetro do futuro governo. “Se, na hora em que se começar a discutir os temas de interesse do governo no Congresso, ninguém estiver 100% satisfeito, os parlamentares podem dar o troco”, projeta Lago.

O jornalista apontou que uma das chaves para garantir uma boa relação com o Legislativo passa por evitar que o PMDB  eventualmente se una à oposição “para pressionar ou dar recados” como fez na gestão de Lula.

A preocupação com a satisfação do PMDB em relação à montagem de ministérios deve-se à pressão exercida pela legenda, que garantiu seis pastas no primeiro escalão. Apesar de dizer que “para cada ministro nomeado, sempre há cinco ou seis insatisfeitos”, o deputado federal Henrique Fontana (PT) aponta que Michel Temer, futuro vice-presidente, tem um papel a exercer. A análise é de que, por compor a chapa eleita, o presidente nacional da legenda una seus correligionários no Congresso.

PT contrariado

O ex-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados apontou, ainda em entrevista ao Sul21, que Dilma pode precisar entrar em choque com o próprio PT. “O papel do PT tem que ser o de dar equilíbrio às forças aliadas, sem se antecipar ou ditar rumos. Qualquer presidente precisa ser maior que seu partido, e Dilma também será. Muitas vezes ela terá que contrariar interesses petistas”, avalia Fontana.

“As necessidades globais de um governo quase nunca coincidem com a necessidade individual de cada parlamentar. Às vezes a votação de alguma medida do Executivo pode colocar o deputado em contradição com parte da sua base”, reconhece o petista gaúcho.

Com informações do Sul21