Presidente da EBC diz que não vê no Brasil ameaça à liberdade de imprensa

São Paulo – A presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, disse nesta sexta-feira (26) que não vê nenhuma ameaça real à liberdade de imprensa no país.  Ela […]

São Paulo – A presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, disse nesta sexta-feira (26) que não vê nenhuma ameaça real à liberdade de imprensa no país.  Ela participou do seminário Liberdade de Imprensa, organizado pela TV Cultura, em sua sede na capital paulista. 

“Se formos entender a liberdade de imprensa como a plena liberdade para os veículos de comunicação publicarem notícias e conteúdos, pode-se dizer que o Brasil vive em absoluta e plena liberdade de imprensa”, afirmou Tereza.

Segundo a jornalista, é preciso observar que a liberdade de imprensa não significa publicar tudo o que a empresa quer, e sim observar os parâmetros do direito à informação de acordo com a pluralidade no Brasil. “Liberdade de imprensa não é só o direito de publicar tudo de uma forma monocórdia. Os meios de comunicação não podem expressar só um pensamento, só uma verdade, um ponto de vista. A democracia contemporânea é um compromisso também com a pluralidade de opiniões e a diversidade cultura.”

Tereza comentou ainda o papel diferenciado e complementar que a TV pública tem no sistema de radiodifusão. Ela disse que é preciso haver complementaridade entre os sistemas de televisão estatal público e privado para garantir um sistema de radiodifusão plural e democrático. “Dentro dessa lógica, cabe à televisão pública oferecer um serviço diferenciado e complementar àquilo que de fato a televisão comercial não faz pela sua própria natureza ou àquilo que não compete às TVs estatais, que são canais de Poderes de Estado”.

O diretor nacional de Jornalismo da Rede TV!, Américo Martins, ressaltou que não gosta de controle de conteúdo, mas admitiu que, em alguns momentos, a mídia comete abusos. Para ele, é preciso encontrar formas de combater isso, sem interferência estatal ou externa. “Uma coisa que me agrada muito é tentar explorar uma ideia de autorregulamentação. Que os grupos de mídia se sentassem e elaborassem isso”. 

Martins relatou sua experiência na BBC, a televisão pública da Inglaterra, e disse que esse modelo de empresa funciona muito bem por lá. No entanto, ele tem dúvidas sobre a possibilidade de tal modelo dar certo no Brasil.

O jornalista e professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) Eugênio Bucci ressaltou que, para uma TV pública atender  de fato aos objetivos de um meio de comunicação como esse, é preciso focar sua existência em quatro pontos: gestão, publicidade, vínculo com o Estado e estética. Bucci defende uma gestão transparente, com sistema de avaliação dos funcionários e cuidado com os custos envolvidos na emissora pública.

Para ele, a TV só será pública se o povo puder controlá-la e isso só será possível se os dados sobre ela forem acessíveis. “A maioria das emissoras que se dizem públicas no Brasil são caixas-pretas de funcionários que não trabalham, de funcionários postos ali por favorecimento político, de salários enigmáticos, de gente que acredita que presta contas a um deputado, ministro, secretário de Estado”, criticou.

Bucci vê o alto volume de verbas oficiais nas televisões públicas como uma ameaça, porque, no seu entender, elas propiciam um ambiente de promiscuidade, que favorece a intimidação, sugestão e cooptação de simpatia com o dinheiro público. “As emissoras públicas não deveriam veicular publicidade. Quando fazem isso, ou desenvolvem uma relação ruim com o governo ou de subserviência aos regimes de mercado e perdem independência com relação ao consumo.”

 

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