Após reunião, centrais e governo não chegam a acordo sobre salário mínimo

Sindicalistas querem R$ 580, Executivo fala em R$ 540; ideia é formar um calendário de negociações

São Paulo – Representantes de seis centrais sindicais e os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Carlos Eduardo Gabas (Previdência Social) não chegaram a um senso comum sobre o valor do salário mínimo a partir de janeiro de 2011. A reunião na manhã desta quinta-feira (18), que marcou a abertura de discussões com o governo, teve momentos de tensão. A proposta do governo, que segue a política de valorização – inflação mais aumento real equivalente ao crescimento do PIB do ano anterior –, é de R$ 538,50.

Estavam presentes membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).Os representantes dos trabalhadores defendem a manutenção dos critérios estabelecidos na política de valorização do salário mínino até 2023, da forma como foi negociada como o governo em 2006.

O reajuste do próximo ano, porém, seria tratado como uma excepcionalidade, sendo descartada qualquer possibilidade de “compensar” o reajuste de 2011 com uma redução sobre o que poderia ser aplicado em 2012.

Pela fórmula acordada em 2006, não haveria aumento real no valor em janeiro, porque em 2009 o Produto Interno Bruto (PIB) não cresceu, devido à crise de 2008. Apenas a inflação medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) do ano seria aplicada sobre os atuais R$ 510. Os sindicalistas consideram a medida insuficiente, argumentando que o ritmo de crescimento da economia permite chegar R$ 580, levando-se em conta o fato de que a maior parte das categorias tiveram reajustes acima da inflação durante este ano – como metalúrgicos, bancários e químicos, entre outros.

“As centrais estão unidas em torno de uma pauta de quatro itens, vamos definir um calendário de reajuste para estes pontos”, afirmou Artur Henrique da Silva Santos, presidente da CUT. Ele refere-se – além do valor de R$ 580 – à manutenção da atual política de valorização do mínimo e à discussão sobre o reajuste aos aposentados que ganham mais de um salário e que ficariam sem aumento real até este ano. Eles defendem ainda a discussão sobre a correção da tabela do imposto de renda.

Para esses pontos, as centrais não apresentaram números, mas querem discutir um conceito que seja duradouro. A expectativa dos sindicalistas é de que obtenham uma resposta formalizada para os pontos reivindicados até 1 º de janeiro. A reunião, que durou cerca de duas horas, foi realizada no escritório da Presidência da República em São Paulo.

Transição e eleição

“O reajuste do salário mínimo significa mais dinheiro circulando na economia”, avalia Artur. “Estamos falando de colocar mais R$ 42 bilhões para comprar arroz, sapato e frango”, exemplifica. Ele descartou qualquer relação entre a discussão e a proposta do candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB), que prometeu elevar a R$ 600 o salário mínimo já em 2011.

Os sindicalistas não tiveram nenhum contato até o momento com a equipe de transição da presidente eleita Dilma Rousseff. A expectativa é que seja mantida a mesa de negociações com o futuro governo como espaço de discussão contínua no próximo governo.

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