Tom da campanha de Serra intimida ala progressista do PSDB, analisa professor da USP

O candidato José Serra na missa de Nossa Senhora Aparecida no último dia 12, junto com o governador eleito de São Paulo Geraldo Alckmin e seu vice Índio da Costa […]

O candidato José Serra na missa de Nossa Senhora Aparecida no último dia 12, junto com o governador eleito de São Paulo Geraldo Alckmin e seu vice Índio da Costa (Foto: Cacalos Garrastazu/ObritoNews)

São Paulo – A campanha do candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) com o uso de questões religiosas e acusações causa mal-estar no interior do PSDB, avalia o professor universitário e urbanista Nabil Bonduki. As afirmações foram feitas durante ato de estudantes, intelectuais e professores na Universidade de São Paulo (USP), na segunda-feira (25), em apoio a Dilma Rousseff (PT). Ele qualificou a campanha como “apelativa”e criticou o que considera ser uma tentativa de esconder diferenças propostas por cada coligação.

“Setores progressistas do PSDB hoje estão até intimidados de participar da campanha do Serra”, afirmou. Em entrevista à Rede Brasil Atual, Bonduki analisa que Serra perdeu a oportunidade de debater projetos e programas de governo no segundo turno. Ao contrário, o candidato optou por “artifícios para esconder projetos políticos e propostas de governo; Ele busca esconder diferenças de projeto”, enfatiza.

O tom da campanha do tucano também serviu para despertar reações da sociedade, acredita o professor. “Estamos numa campanha suprapartidária em apoio à Dilma. Mas não à Dilma (pessoalmente), mas ela como representante de um projeto contra o Serra, que nessa campanha cada vez mais se configurou o candidato que está representando a direita no país”, dispara o professor.

Outra contradição, segundo Bonduki, é o fato da imprensa poupar o governo do PSDB em São Paulo de críticas sobre os problemas no estado. “São Paulo é o estado mais rico do país e é o estado aonde mais se teria condição de enfrentar os problemas estruturais de educação, saúde, habitação, assistência social. O que a gente vê é que São Paulo está se afundando. São Paulo continua com os problemas estruturais e não está aproveitando esse momento importante do país”, avalia o urbanista.

Semelhanças com a ditadura

Jamil Murad, vereador na capital paulista pelo PCdoB, vê semelhanças do atual momento eleitoral com o golpe militar que levou à ditadura no Brasil. Murad aponta que sentiu no câmpus da USP de Ribeirão Preto (município a 200 quilômetros de São Paulo) a manipulação e a fraude de mobilização de setores reacionários durante a ditadura.

“Seja em nome de Deus, do suposto combate à corrupção, da democracia… Eles mobilizaram e golpearam o povo”, recorda. “Impuseram uma noite longa de sofrimento, obstrução do progresso político, social, econômico do país e do povo”, descreve o parlamentar. “Eu estou vendo a tentativa de manipular de novo as mesmas bandeiras. As mesmas falsas causas para golpear o povo agora na forma de impedir a eleição da Dilma”, acusa Murad.

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