Serra afirma que licitação do metrô de SP não precisa de investigação
Para o candidato, governo de SP não precisa ser fiscalizado no caso 'porque não teve nada'. Na véspera, tucano havia pedido paralisação da obra além de acusar construtoras por possível 'acerto'
Publicado 27/10/2010 - 17h43
Serra fez campanha em Pernambuco onde mudou sua posição sobre as acusações de fraude em licitação no metrô de São Paulo (Foto: Marcos Brandão/ObritoNews-Divulgação)
São Paulo – O governo de São Paulo não precisa ser investigado diante da acusação de fraude na licitação no metrô da capital do estado “porque não teve nada”, afirmou José Serra (PSDB), candidato à Presidência da República. O resultado de uma rodada de leilões da Linha 5-Lilás da Companhia do Metropolitano (Metrô) era conhecido seis meses antes do anúncio dos resultados, segundo denúncia do jornal Folha de S.Paulo.
A declaração foi feita nesta quarta-feira (27), em Recife (PE), entre ações de campanha. “Não (precisa investigar a gestão), porque não teve nada”, avisou. Ele tentou driblar a pergunta atribuindo a acusação ao período eleitoral. “Como é véspera de eleição e falta assunto para os petistas falarem de corrupção do nosso lado, eles ficam inventando, ficam fazendo cavalo de batalha em torno disso”, esquivou-se o candidato.
O teor das afirmações divergem da reação inicial do candidato. Na terça-feira (26), Serra havia defendido a paralisação das obras e atribuiu qualquer possibilidade de fraude às construtoras.
Nesta quarta, Serra garantiu que apenas duas empresas possuem o equipamento de escavação e perfuração exigido para a obra – conhecido como “Tatuzão”. Por isso, não seria necessário ser “muito adivinhão” para descobrir o resultado. O candidato ainda alega que não era mais governador no período do leilão suspeito.
Ele ainda acusa o governo federal de “acertar” resultados de licitações de sua responsabilidade, como a de Belo Monte. “A propósito de concorrência acertada, quem faz isso publicamente e abertamente e nunca ninguém disse nada é o governo federal”, criticou Serra. “Fez isso com Belo Monte, anda fazendo isso com todo mundo”, disse. “Eles escolhem inclusive as empresas e depois fazem a concorrência já tendo combinado como faria”, garantiu.
Na terça-feira (26), após a revelação do conhecimento prévio do resultado da licitação, o governo de São Paulo anunciou o congelamento do processo. Alberto Goldman (PSDB), atual governador e sucessor de Serra, afirmou ter determinado investigação do Ministério Público Estadual e da Corregedoria-Geral do Estado. Goldman disse não descartar a hipótese de formação de cartel entre as construtoras.
Deputados estaduais do PT repetiram o pedido de apuração ao MPE e estenderam a demanda ao Ministério Público Federal.
Serra ainda citou a denúncia apresentada na semana passada pelo procurador do MInistério Pública estadual de São Paulo, José Carlos Blat, contra João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Ele é acusado de envolvimento em ações irregulares na Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). A denúncia foi apresentada a 10 dias da eleição, após cinco anos de inquérito aberto nas mãos de Blat.