Ribeiro Júnior relata à PF detalhes de investigação sobre privatizações

São Paulo – Em depoimento à Polícia Federal, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior revela detalhes sobre o livro que pretende publicar a respeito dos processos de privatização da década de […]

São Paulo – Em depoimento à Polícia Federal, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior revela detalhes sobre o livro que pretende publicar a respeito dos processos de privatização da década de 1990, a maioria durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. As investigações foram conduzidas por ele durante passagens por redações de diversos jornais, a partir de 2000. Ele menciona denúncias sobre recursos operados no exterior por Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor de assuntos internacionais do Banco do Brasi, e por  Verônica Allende Serra – filha do atual candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB).

No depoimento, cuja íntegra foi divulgada pelo portal de O Estado de S. Paulo, o jornalista sustenta que se centrou na figura de Ricardo Sérgio de Oliveira, apontado como principal “operador” da formação de consórcios para os leilões. O processo teria sido iniciado durante sua passagem pelo jornal O Globo e prosseguido em 2001, quando já trabalhava no Jornal do Brasil.

O início das investigações, sempre segundo o depoimento prestado à PF, ocoreu em um processo que corria na Justiça Estadual de São Paulo ajuizado pela Rhodia do Brasil contra a Calfat, empresa de Ricardo Sérgio. Nos autos, havia uma declaração de renda que mencionava uma empresa sediada em Nova York, chamada Franton Inc.

Dois anos depois, com dados obtidos pela promotoria dos Estados Unidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado e pela Polícia Federal, descobriu que Ricardo Sérgio teria movimentado recursos por meio de doleiros no exterior. Reportagens a respeito foram publicadas na revista IstoÉ, em 2003, o que acarretou processos judiciais por danos morais por parte de Ricardo Sérgio.

No processo, Ribeiro Júnior afirma ter conseguido autorização judicial para acessar dados da CPI do Banestado sobre Ricardo Sérgio. A permissão foi concedida pelo uso de “exceção de verdade”, um recurso jurídico que permite acesso a dados sigilosos ou referentes a outros processos judiciais como forma de permitir a defesa.

Embora não tenha voltado a publicar reportagens sobre o assunto, Ribeiro Júnior assegura ter reunido vasto material sobre outras figuras ligadas ao processo de privatização, como Gregório Marin Preciado (marido de uma prima de Serra), Carlos Jereissati (atual dono da Oi) e Ronaldo de Souza (sócio de Ricardo Sérgio).

Pós-2007

Ele afirma, ainda no depoimento à PF, que se aprofundou ainda mais no caso depois de ir trabalhar em O Estado de Minas, em dezembro de 2007, por ter recebido informações de que havia um grupo clandestino de inteligência que estaria seguindo o então governador do estado, Aécio Neves (PSDB). Por isso, ele teria decidido voltar a investigar as privatizações, recorrendo a dados em cartórios, juntas comerciais e órgãos de Justiça.

A partir de então, seu enfoque estava voltado a José Serra. Segundo Ribeiro Júnior, ele teve acesso a procurações e documentos que sugeriam a existência de empresas em paraísos fiscais em nome de Verônica Allende Serra – filha do atual candidato – e Alexandre Bourgeois – genro de Serra. Os dados apontariam, inclusive, que um escritório nas Ilhas Virgens, um paraíso fiscal na América Central, teria sido compartilhado com empresa de Ricardo Sérgio. Ele não apresentou provas à PF a respeito de suas afirmações.

 

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