Em depoimento à PF, jornalista nega ter oferecido dossiê a PT

São Paulo – O jornalista Amaury Ribeiro Junior nega, em depoimento à Polícia Federal (PF), ter pedido a violação de sigilos fiscais de pessoas ligadas ao candidato à Presidência da […]

São Paulo – O jornalista Amaury Ribeiro Junior nega, em depoimento à Polícia Federal (PF), ter pedido a violação de sigilos fiscais de pessoas ligadas ao candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB). A investigação de pessoas ligadas ao tucano, com base em documentos de órgãos de Justiça e cartórios, ocorreu a partir de investigações conduzidas por ele quando era funcionário do jornal O Estado de Minas. Ele descarta qualquer oferta de venda de dossiês para o PT e para a pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) em abril, como acusam integrantes do PSDB.

Os dados do depoimento revelados parcialmente até a tarde desta sexta-feira (22) foram o que motivou o presidente do PT, José Eduardo Dutra, a afirmar que o PSDB mantém uma “central de espionagem”.

No depoimento, cuja íntegra foi divulgada pelo portal de O Estado de S.Paulo, o jornalista alega que investiga as privatizações promovidas pelo governo Fernando Henrique Cardoso há dez anos. Ele se concentra no papel de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil e apontado como principal “operador” da formação de consórcios para os leilões. Nesse período, ele passou por diferentes empresas jornalísticas, ligadas a redações da revista IstoÉ e dos jornais O Globo, Correio Braziliense e O Estado de Minas – estes últimos dos Diários Associados (clique aqui para ler mais).

Ribeiro Júnior afirma que retomou a investigação depois de dezembro de 2007, quando foi transferido para Minas Gerais. Ele afirma ter descoberto que um grupo ligado a Marcelo Itagiba, ex-delegado e deputado federal pelo Rio de Janeiro, estaria comandando um grupo clandestino de inteligência para seguir o então governador Aécio Neves (PSDB). A central teria por objetivo reunir informações contra o então pré-candidato à Presidência, que postulava a indicação para concorrer ao Palácio do Planalto contra o então governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Ele não menciona pedidos de quebra de sigilo fiscal. Apesar disso dois depoimentos do despachante Dirceu Garcia atribuem a ele pagamentos pelo serviço. Há menção a um desembolso de R$ 5 mil destinado a garantir o silêncio de Garcia sobre os episódios.

Reunião com PT

A versão de Ribeiro Júnior sobre a reunião com membros do PT é de que se tratou de um encontro para monitorar a sede da pré-campanha de Dilma Rousseff. A avaliação de Luiz Lanzetta, que convocou o jornalista e outros dois agentes, era de que algum membro estaria repassando informações e decisões da pré-campanha para veículos de imprensa. O temor inicial, ainda segundo Ribeiro Júnior, era de que houvesse alguma ação de espionagem do grupo ligado a José Serra

A hipótese foi descartada ainda antes da reunião. Lanzetta teria passado a suspeitar que os “vazamentos” fossem fruto de “fogo amigo”, quer dizer, uma ação de pessoas ligadas ao deputado estadual Rui Falcão (SP), que teria interesse em ocupar espaço na campanha em detrimento de Fernando Pimentel (MG), ex-prefeito de Belo Horizonte. Ambos são coordenadores de campanha da Dilma atualmente. Após a reunião, em que à proposta de monitoramento foram incluídas ainda investigações contra Serra, Ribeiro Júnior afirma que a negociação não prosperou.

Além disso, Ribeiro Júnior acusa Rui Falcão de ter “roubado”, de um notebook, os dados referentes à investigação do jornalista aos tucanos. A confirmação teria se dado após uma conversa com o jornalista Policarpo Júnior, repórter da revista Veja e autor da reportagem que acusava a existência de uma suposta “central de inteligência” na pré-campanha de Dilma.

Policarpo teria sido procurado depois de Lanzetta avisar a Ribeiro Júnior sobre o novo vazamento, ligado justamente à reunião. Procurado, o repórter de Veja teria descrito as informações do material, repassado por um dirigente petista, que coincidiam com o material de Ribeiro Júnior. A conclusão de que se tratava de Falcão está relacionada à hospedagem no Apart Hotel Melià, em Brasília (DF), onde o deputado estadual teria acesso.