Crescimento de Marina determinou segundo turno, avalia cientista política

São Paulo – Para a cientista política Argelina Figueiredo, professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o crescimento da […]

São Paulo – Para a cientista política Argelina Figueiredo, professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o crescimento da candidata do PV, Marina Silva, foi decisivo para levar as eleições presidenciais a um segundo turno. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) vão disputar o voto dos brasileiros no dia 31 de outubro.

“Não acredito que os votos de Serra em São Paulo, além do esperado, tenham influenciado tanto o resultado das urnas”, pondera Figueiredo. “Acho que foi mais o crescimento de Marina, não só no Rio mas também no Nordeste, que adiou a escolha. Marina certamente tirou votos de Dilma no Rio e no Nordeste”, constata.

No Rio de Janeiro, Marina ficou em segundo lugar, com 31% – ante 19,4% obtidos nacionalmente. Ainda assim, ela teve pelo menos três pontos percentuais a mais do que indicavam as pesquisas de intenção de voto. Apesar da divergência, o crescimento já percebido nos levantamentos.

“Mais uma vez o eleitor agiu com cautela e estendeu a decisão para um segundo turno, o que dá oportunidade para pensar um pouco mais”, avalia.

A cientista política também acredita que as abstenções – 24,3 milhões, 3 milhões a mais do que na eleição passada -, não foram muito expressivas. “Há um certo paradoxo aí: a impressão geral é que a vida melhorou, mas há muita descrença nos políticos”, observa.

Ela lembra que alguns fatores, como a chuva em Goiás, também podem ter influenciado no aumento de faltas que, proporcionalmente, diz ela, não foram tão relevantes. “Acredito que as abstenções se concentraram mais nas classes média e alta, que reclamam de impostos altos e não veem retorno disso. As classes mais pobres, ao contrário, associam muito mais as melhorias em suas vidas a políticas do governo federal.”

Populismo

Argelina Figueiredo criticou ainda o debate político no primeiro turno. Para ela, os programas de governo dos candidatos não foram discutidos satisfatoriamente. “O Serra, por exemplo, saiu da postura de defensor da austeridade, que ele e seu partido sempre apontaram, para a de gastador, apresentando três propostas altamente populistas.”

A cientista se refere ao aumento do salário mínimo para R$ 600, a elevação de 10% para os aposentados que ganham mais do que o piso salarial nacional e a criação de uma parcela extra – análoga a um 13º salário – para o Bolsa Família. “Com essas três propostas populistas, o Serra quis claramente persuadir o eleitor com promessas inviáveis”, critica.

Porém, segundo Argelina, o resultado desse tipo de promessa não é eficaz. “As pessoas não são burras como ele pensa. O eleitor está mais maduro e percebe que não vai ser o economista que sempre defendeu o Estado pequeno, com poucos gastos, que vai dar esses benefícios. Não é quem sempre criticou o programa Bolsa Família que vai agora dar a 13ª bolsa. Essas promessas não surtiram efeito”, afirmou.

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