Centrais sindicais comemoram e já preparam agenda para discutir com novo governo

'Seremos recebidos para fazer uma efetiva negociação e não com tropa de choque', diz vice-presidente da CUT

São Paulo – Reajuste do salário mínimo, fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho, legislação para terceirização e política econômica são alguns dos temas na pauta do movimento sindical ao governo eleito. As centrais, que em sua maioria apoiaram a candidatura de Dilma Rousseff (PT), veem na presidente eleita as condições para manter o diálogo com o governo, mesmo sabendo de possíveis dificuldades.

“Como todo governo, este também não é de um único partido”, lembra o vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), José Lopez Feijóo. “Sabemos que em uma aliança nem todas as nossas propostas são consenso. Temos de disputá-las. Mas, com este governo, não seremos recebidos por tropa de choque, mas para uma efetiva negociação”, comparou.

Para Feijóo, a eleição de Dilma representa a manutenção de um projeto que permitiu “a mais fantástica inclusão social da história deste país”, além do respeito aos movimentos sociais. “E se mantém a lógica de que o Brasil precisa crescer a partir do crescimento do seu povo”, observou. Ele cita como temas a serem discutidos a redução da jornada de trabalho, a convenção de 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT, contra dispensa imotivada) e, especificamente para a CUT, um debate sobre a modernização da organização sindical brasileira. Além disso, o pré-sal será uma oportunidade “para desenvolver uma enorme e poderosa cadeia produtiva na área de energia”.

O presidente da Força Sindical, o deputado federal reeleito Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), disse que o primeiro passo deve ser discutir o reajuste do salário mínimo e o aumento dos aposentados. Segundo ele, as primeiras conversas com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não foram conclusivas. Além disso, ele destacou questões como o fim do fator previdenciário e a regulamentação da terceirização.

Em relação ao salário mínimo, a ideia, diz Paulinho, é usar como base o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e não o de 2009, que foi zero. Isso representaria um reajuste de aproximadamente 13% (inflação de 5% e PIB entre 7% e 7,5%), o que levaria o mínimo a um valor próximo de R$ 580. Aposentadorias acima de um mínimo teriam 80% desse valor.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, lembrou o encontro de cinco centrais em 1º de junho no estádio do Pacaembu, em São Paulo, quando foi aprovada uma plataforma do movimento sindical para ser discutida com o governo. “Da mesma forma que apoiamos (Dilma), nós vamos começar a cobrar”, afirmou, defendendo também a redução da taxa básica de juros da economia. Ele interpretação a vitória da candidata como um voto de aprovação ao governo Lula.