Ativistas defendem diversidade e liberdade de expressão em SP

Evento lembrou ações promovidas pelo PSDB e por empresas de comunicação contra blogs, jornais e revistas independentes. Sobraram críticas aos tucanos e ao que os manifestantes chamam de velha mídia

Paulo Salvador ao lado da deputada Luiza Erundina (Foto: Paulo Pepe)

São Paulo – Em ato de solidariedade à Revista do Brasil, blogues, jornais e revistas independentes, que têm sido atingidos por uma onda de censura, sobraram críticas à mídia e à falta de liberdade de expressão. A manifestação ocorreu na noite desta quarta-feira (27), na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.

“Nos últimos dez dias tivemos uma série de atentados contra a liberdade de expressão”, assinalou Paulo Salvador, da Editora Atitude que publica a Revista do Brasil, censurada a pedido da coligação do candidato José Serra (PSDB).

Paulo Salvador lembrou ainda a tentativa de censura à TV Record, aos blogues de jornalistas como Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha e Renato Rovai. Também citou a tentativa de suspensão do blogue do Artur, o processo contra os profissionais do “Falha de S. Paulo” e do xingamento sofrido pelo repórter João Peres da Rede Brasil Atual, por parte do senador eleito pelo PSDB-SP Aloysio Nunes. “É um absurdo a censura que os veículos alternativos vêm sofrendo. Por que nós, do mundo do trabalho, não podemos apresentar nossa opinião?”, indagou o diretor.

Para o presidente da CUT, Artur Henrique, o pedido de suspensão da Revista do Brasil e do Jornal da CUT, pela coligação que reúne PSDB e DEM, encarna a tentativa de calar os movimentos sociais. Artur relembrou que o pedido de tucanos e democratas tinha mais ações que não foram atendidas, como o pedido de segredo de Justiça e a suspensão do blogue do Artur.

O dirigente sindical criticou a censura aos meios de comunicação que expressam a opinião dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que publicações como Veja têm liberdade para estampar em sua capa e no conteúdo Aécio Neves. Artur fez referência à edição nº  2187, de 20 de outubro, da publicação, em que se aposta no poder do político mineiro. “Eles também tentaram a suspensão da edição número 1 da revista do Brasil, mas a Veja com Aécio pode, mostrar Dilma Rousseff com duas caras também pode”, dispara.

Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, destacou a seriedade e os motivos que levaram ao lançamento da Revista do Brasil. “Quando criamos a revista não foi para contrapor a grande mídia. Foi para dar informação de qualidade para os trabalhadores”, afirma. “Quando li a revista que depois foi suspensa, com um conteúdo que nenhuma outra revista tem, como a matéria sobre suicídio e assédio moral, eu tive certeza da decisão acertada de criar a Revista do Brasil para informar de verdade”, afirmou Nobre. Para ele, a grande imprensa já caiu em descrédito. 

No mesmo sentido, Juvandia Leite, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, avalia que há interesse de “calar o projeto” da revista, que chega a 360 mil pessoas, e que partidos e grandes empresas de comunicação “não podem controlar”. “Os meios de comunicação têm dono. O problema não é o fato de terem interesses. O problema é que não dizem isso”, criticou Juvandia.

Processo

O jornalista Lino Bocchini e o designer Mario Bocchini, do blogue Falha de S. Paulo, suspenso por liminar obtida pela Folha de S. Paulo, contaram ao público sobre o processo que estão sofrendo pelo jornal que não compreendeu a crítica bem-humorada dos profissionais. “O processo da Folha contra nosso trabalho é uma loucura completa. Seria como cassar a Globo porque o Casseta & Planeta faz paródia do Lula”, relaciona Lino. Além de suspender a veiculação do blogue, o jornal conseguiu liminar para cassar o endereço na internet e impedir a utilização de qualquer endereço parecido.

O processo de 88 páginas que o jornal move contra Lino e Mário alega uso indevido da marca e pede indenização por danos morais. “Não somos ligados a nenhum partido ou entidade. Só achamos a Folha um jornal ruim”, explicaram às centenas de pessoas presentes ao ato por liberdade de expressão.

Com a suspensão do bloque, os profissionais criaram novo site para se defenderem das alegações da Folha. “Abrimos o desculpeanossafalha.com.brpara mostrar tudo para as pessoas analisarem por si mesmas”, indicam.

Descontrolados

Para a jornalista Renata Mielli, do Centro de Mídia Barão de Itararé, é preciso amplificar a rede de solidariedade e luta porque os veículos de comunicação da grande imprensa, aliados a grupos de poder da direita, estão descontrolados. “Esta semana, diversas matérias demonizaram a criação de Conselhos de Comunicação”, lembra. “Eles estão descontrolados. Jogaram todas as cartas para ganhar as eleições”, aponta a jornalista.

A deputada federal reeleita Luiz Erundina (PSB-SP) ressaltou seu sentimento de revolta pelos diversos casos de censura, mas também se disse satisfeita, porque “não se chuta cachorro morto”.

“Eles ficam enciumados da criatividade, do trabalho que vocês fazem”, declarou. “Não conseguem sair da mediocridade”, analisou a ex-prefeita de São Paulo.

Em vídeo o ato

 

 

 

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