Serra mira Dilma e candidata aponta diferenças de programas
Quatro dos presidenciáveis participaram do primeiro debate das eleições 2010, na Band, em São Paulo (Foto: Caca Meirelles/Divulgação) São Paulo – O primeiro debate entre candidatos à Presidência da República, […]
Publicado 05/08/2010 - 21h50
Quatro dos presidenciáveis participaram do primeiro debate das eleições 2010, na Band, em São Paulo (Foto: Caca Meirelles/Divulgação)
São Paulo – O primeiro debate entre candidatos à Presidência da República, realizado pela TV Bandeirantes nesta quinta-feira (5), foi marcado pela polarização entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e pelas frequentes alfinetadas do candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, na mídia e concorrentes.
“Se vocês dois vão fazer blocão eu vou fazer bloquinho com a Marina”, ameaçou Plínio, dirigindo-se a Dilma e a Serra, tentando chamar um pouco mais de atenção para si.
O candidato tucano mirou a candidata de Lula ao longo de todo o debate e insistiu em assuntos ligados à saúde, pasta que ocupou durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
José Serra evitou citar o nome do presidente Lula e partiu para o ataque em temas como a gestão de aeroportos, estradas e portos.
Dilma defendeu a complementação do Sistema Único de Saúde (SUS), a expansão das Unidades de Pronto Atendimento 24 Horas (Upas), a universalização do Samu e expansão do programa público de tratamento dentário Brasil Sorridente.
Indagado por Dilma, Serra fugiu de comparações sobre a geração de empregos no governo Fernando Henrique Cardoso e na gestão de Lula. Não conseguiu, também, reagir a questões da candidata relacionadas a indústria naval.
O tucano voltou a citar a nota fiscal brasileira como forma de justiça tributária, a exemplo do que ocorre em São Paulo, onde existe a nota fiscal paulista.
Questionado pelo jornalista José Paulo de Andrade sobre privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso e como agiria em um possível governo, o ex-governador paulista enfatizou que vai valorizar o patrimônio público, inclusive vai “estatizar empresas que já são do governo”. Como exemplo citou os Correios que “vão voltar à melhor época”.
A pedido da candidata Marina Silva, Dilma falou de suas propostas para a educação e criticou a progressão automática. A petista também afirmou que o Brasil deve caminhar, nos próximos anos, para um processo de crescimento e estabilidade que leve ao corte de juros e à diminuição da carga tributária.
A candidata do PV, Marina Silva, manteve o tom conciliador de seus discursos, elogiou os programas sociais e propôs avanços com a “terceira geração de programas sociais”, aliando programas de formação às políticas públicas já em prática.
Mesmo com a crítica de Plínio, que a classificou de “eco-capitalista”, Marina afirmou que discorda dos que consideram que a defesa ambiental e o desenvolvimento são coisas que se oponham. “Proteção do meio ambiente e saneamento são parte da mesma equação”, exemplificou.
Diferenças
O tom de embate entre Serra e Dilma ficou mais claro no terceiro bloco do debate, quando a petista enfatizou que há diferenças entre seu plano de governo e o de Serra. “Temos diferenças na forma de encarar o que deve ser feito na área da saúde”.
O mesmo se repetiu em relação à indústria naval, geração de empregos e enfrentamento da crise financeira de 2008 e 2009. “O fato de o Serra implantar a substituição tributária em São Paulo, durante a crise, atrapalhou a recuperação econômica”, lembrou.
Serra atribuiu a geração de empregos ao mercado, enquanto Dilma defendeu as políticas sociais e a valorização do salário mínimo, aliadas ao corte do IPI e oferta de crédito à população para superar a crise econômica mundial vivida naqueles anos.
A candidata do PT afirmou que melhorias na educação dependem de melhores salários e formação permanente para os professores. Enquanto o tucano defendeu a criação de uma espécie de ProUni para o ensino técnico, que ele pretende chamar de Protec.
Na área de segurança pública, Serra prometeu criar o Ministério da Segurança.
A candidata governista propôs a ampliação da Polícia Pacificadora, como a que está em ação no Rio de Janeiro, para combater o tráfico de drogas e a violência por ele gerada.
Disparos
O presidenciável do PSOL deu o tom irônico ao debate com críticas à imprensa e rótulos aos concorrentes. Logo no início, Plínio de Arruda Sampaio brincou sobre sua participação no evento: “Estão surpresos? Eram só três, apareceu mais um – e tem outros. A mídia esqueceu essa candidatura”.
Depois de criticar a troca de perguntas entre Serra e Dilma, Plínio não perdoou Marina. “Você parece do PT, defendendo as políticas sociais”, exclamou.
Sobre o discurso monotemático de Serra, Plínio disparou: “Agora eu sei porque o Serra é hipocondríaco, só fala de saúde”.
Ainda chamou Marina de ecocapitalista e corrigiu um jornalista da TV Bandeirantes – que citara que o programa de governo de seu partido prevê a moratória da dívida externa brasileira, enfatizando que “o PSOL não propõe calote, mas não aceita que o povo leve calote.”