‘Pedir a cabeça’ de jornalista é censura, diz Dilma

Candidata se diz contrária à censura e dispara, veladamente, contra adversário

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, no estúdio da TVBrasil onde participou da gravação do programa 3 a 1 (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

São Paulo – Em entrevista à TV Brasil, a candidata à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) se afirmou contrária a qualquer forma de censura. Disse considerar “imprecisas” as acusações de que o governo tentou fazer “controle social” da mídia. Segundo ela, não existe controle social no conteúdo. “O que há hoje no Brasil é o controle do que é público.”

Dilma declarou ainda que considera uma forma de censura o fato de uma pessoa usar de seu cargo para pedir punição a jornalistas. De forma velada, a crítica é a José Serra (PSDB), acusado de recorrer a tal prática.

Na entrevista ao programa 3 a 1, transmitido na noite desta quarta-feira (20) pela emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Dilma ainda falou sobre alianças políticas, aborto, drogas e união homoafetiva.  Nesta quinta (22) e sexta-feira (23), José Serra e Marina Silva (PV), respectivamente, serão entrevistados.

Confira os principais trechos:

Contra censura

“É inadmissível a censura à imprensa. Sou rigorosamente contrária a isso”, afirmou. Dilma considerou imprecisas as acusações de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou fazer um “controle social” da mídia. “Isso é impreciso. Não existe controle social no conteúdo. O que há hoje no Brasil é o controle do que é público. Há uma legislação sobre cabo, sobre telefonia, há decreto sobre TV digital baseado em uma lei. O que se discute ainda é se a telefonia participa ou não de radiodifusão”, disse Dilma.

Crítica velada

A candidata do PT à Presidência da República disse ainda que considera censura a prática de algumas pessoas ligarem para diretores de jornais e pedirem para punir jornalistas. “Alguém usar de sua posição para telefonar para diretor de jornal e pedir para punir jornalista é censura”, respondeu Dilma. Ela não quis dizer a quem estaria se referindo, mas seu adversário, José Serra (PSDB) é acusado por crítico de recorrer à prática.

Coalizão

“Nenhum governo pode ser governo de um partido, é preciso se criar um leque de alianças, estruturar em uma proposta de um governo. Nós, do governo Lula, conseguimos dar claramente uma diretriz comum para o governo e para a coalizão que o governo construiu”, disse Dilma.

A candidata negou que o governo Lula tenha sido refém dos parlamentares na votação de projetos importantes no Congresso Nacional. “Nas questões relevantes, é importantíssimo manter a base, mas não há como exigir em todas as circunstâncias. Não existe forma de um governo ter a ordem unida e todo mundo sair marchando em um passo só”, afirmou.

Reforma tributária

Uma reforma tributária ampla, que procure alargar a base de arrecadação e desonerar os impostos da micro e pequenas empresas, da folha de salários e dos produtos essenciais como remédios foi a receita de Dilma para a questão. “Temos uma estrutura tributária caótica”, disse Dilma na entrevista que vai ao ar hoje às 22 horas.

Dilma disse ainda que não há como fazer uma reforma tributária da noite para o dia, ou por decreto. “Se fizermos isso, quebram os estados, quebram os municípios. É preciso fazer uma reforma na qual os estados e os municípios não percam sua capacidade de prestar serviços”, disse.

União civil homoafetiva

Dilma se declarou favorável à união civil de pessoas do mesmo sexo. Para ela, o Brasil “marcha nesse sentido porque o Judiciário vem reconhecendo isso”. A presidenciável declarou também que uma de suas propostas de governo é instituir políticas de prevenção para a saúde da mulher e de proteção dos direitos das crianças e adolescentes. “Um país se mede e se classifica pela capacidade de proteger suas crianças e jovens”, disse.

Drogas

Dilma considera que o país não tem condições de discutir atualmente propostas para descriminalização das drogas. Segundo ela, o cenário atual no Brasil mostra que o consumo de uma droga não está desvinculado do consumo de outras substâncias ilícitas. “O Brasil não tem condições hoje de propor a descriminalização de qualquer droga”, afirmou.

Aborto

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, disse que considera o aborto um problema de saúde pública. “Nenhuma mulher quer fazer aborto. Elas estão fazendo por uma medida que as pessoas não gostariam, porque é uma violência ao corpo da mulher”, afirmou a candidata. Dilma Rousseff lembrou que mulheres das classes mais baixas recorrem, muitas vezes, a métodos perigosos.