Bispo de Guarulhos pede voto contra Dilma

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini afirma que posição do PT a respeito do aborto é restrição a escolha de 'verdadeiros cristãos'. Petista declarou ser contrária a alterar a legislação atual

São Paulo – O bisco da Dioscese de Guarulhos (SP), Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, defendeu o voto contra a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). A posição foi apresentada em artigo publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e recomendada “a todos verdadeiros cristãos e verdadeiros católicos”, em função da posição do partido em relação à legalização do aborto.

Publicado na segunda-feira (19), o artigo intitulado “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus“, Bergonzini defende que a Igreja Católica deve se intervir em campanhas eleitorais apesar de não assumir posição na disputa. Isso deve ocorrer em casos em que um “partido ou candidato que torne perigosa a liberdade religiosa e de consciência ou desrespeito à vida humana e aos valores da família”.

“Não temos partido político, mas não podemos deixar de condenar a legalização do aborto”, resumiu. Segundo ele, o PT manteve a defesa do direito à interrupção da gravidez em seu programa após os dois últimos congressos nacionais (em 2007 e 2010). O bispo faz ainda críticas ao 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), que incluía mudanças na legislação a respeito.

Em julho, o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz defendeu, a opção de não votar no PT por argumentos semelhantes. “Se o cristão vota no PT consciente de tudo quanto foi dito acima, comete pecado grave, porque coopera conscientemente com um pecado grave (apoio à descriminalização do aborto).

Segundo a assessoria de imprensa da CNBB, o artigo reflete a opinião do bispo e não da instituição. Historicamente, a organização não define posição em eleições, mas pode fazê-lo caso a decisão seja aprovada pela presidência ou pelo Conselho Permanente da entidade. Bergonzini não participa de nenhum dos órgãos colegiados.

Em maio, a CNBB divulgou nota defendendo o voto “pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”. Na ocasião, o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, mencionou, além do aborto, a união civil de pessoas do mesmo sexo, adoção de crianças por casais homoafetivos e a proibição de símbolos religiosos em repartições públicas.

Posição

Em entrevistas concedidas durante a campanha eleitoral, nenhum dos candidatos defendeu mudanças na legislação sobre o aborto. Mesmo Dilma, no programa Roda Viva, da TV Cultura, sustentou a posição. “Temos uma legislação no Brasil sobre essa questão e sou a favor de mantê-la. O que acho é que mulheres enquadradas naquela situação têm direito de fazer na rede pública, e se tem de tornar isso acessível. Senão fica a seguinte situação: mulheres ricas têm acesso a clínicas, mulheres pobres usam a agulha de tricô”. Serra manifestou posição semelhante em maio, no programa do Ratinho.

Marina Silva, que se declara pessoalmente contrária à legalização, mas lembra que a atribuição não cabe ao presidente da República. “Essa é uma responsabilidade do Congresso Nacional, mas considero que uma questão tão complexa e importante como essa deve ser decidida diretamente pela sociedade, através de um plebiscito”, sugeriu em sua página na internet.

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