PV rejeita regras, e Marina desiste de sabatina da CNA

Segundo coordenação da campanha da candidata do PV, configuração do debate não garantia a imparcialidade dos debatedores

São Paulo – A coordenação da campanha da candidata Marina Silva, do Partido Verde (PV), comunicou à direção da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) que ela não participará de uma sabatina prevista para 1º de julho, ao lado do candidato tucano, José Serra. O motivo, segundo a nota, é que a CNA não atendeu à solicitação de rever as regras de condução do evento, previsto para ser realizado em Brasília.

Segundo o coordenador-executivo da campanha da Marina, João Paulo Capobianco, foi sugerido à organização da sabatina que os candidatos tivessem conhecimento prévio das questões que seriam levantadas. Mas só os temas foram antecipados o que, na visão de Capobianco, ‘não asseguraria a necessária isonomia para que as visões estratégicas sobre o agronegócio fossem expostas adequadamente.”

Além disso, finaliza o comunicado, a assessoria da CNA só encaminhou a referência para a sabatina para o comitê de Marina Silva na tarde da segunda-feira (28), enquanto José Serra já teria conhecimento do evento desde abril passado.

 

Leia a íntegra da carta enviada à CNA pela coordenação da candidatura de Marina Silva

Prezada senadora Kátia Abreu,
A coordenação da campanha da candidata do PV à Presidência da República, senadora Marina Silva (AC), vem por meio desta declinar o convite para participação da presidenciável no evento previsto para o próximo dia 1º de julho, promovido pela CNA, em que seria sabatinada por lideranças da agricultura e pecuária brasileiras, ao lado do ex-governador José Serra, seu concorrente do PSDB na disputa eleitoral deste ano.
Até a tarde desta segunda-feira, dia 28, a coordenação da campanha de Marina aguardou, sem sucesso, sua resposta à reivindicação, apresentada 48 horas antes, para revisão das regras da sabatina.
Na oportunidade, foi levado ao seu conhecimento nosso incômodo com o fato de que, dada a vinculação legítima de dirigentes da CNA com a candidatura adversária, apenas o conhecimento dos temas definidos para as perguntas não asseguraria a necessária isonomia para que as visões estratégicas sobre a condução do agronegócio brasileiro fossem expostas adequadamente.
Sugerimos que as questões de interesse do setor fossem levadas aos candidatos com antecedência, a exemplo de encontros com presidenciáveis promovidos por outras entidades representativas do empresariado brasileiro ou do municipalismo. Assim, se evitaria o risco de a imparcialidade da iniciativa ser posta em dúvida.
Também vale ressaltar que Marina Silva só teve acesso ao documento “O que Esperamos do Próximo Presidente – A Agricultura Pede Passagem” no final desta tarde (mais precisamente às 17h02). O texto, segundo a assessoria da CNA, deveria servir de referência aos presidenciáveis. José Serra, por sua vez, teve a oportunidade de ser apresentado à versão primeira do mesmo conteúdo em abril, quando esteve presente na Expozebu, em Uberaba (MG), evento para o qual a candidata do PV não foi convidada.
Apesar desses equívocos, que temos certeza serão evitados em oportunidades futuras, a senadora Marina Silva volta a expressar a sua disposição para a manutenção do diálogo com as lideranças da CNA. Isso porque reconhece a importância estratégica do setor para o desenvolvimento do país e por acreditar que pode se somar aos esforços para a construção de uma nova visão para agricultura e pecuária brasileiras. E, assim, tornar o setor cada vez mais competitivo e respeitado dentro e fora de nossas fronteiras, tanto pela qualidade dos produtos, quanto pelo respeito ao meio ambiente, à promoção da responsabilidade social e à contribuição ao desenvolvimento sustentável.
Certo de que contarei com a sua compreensão, despeço-me.
Atenciosamente
João Paulo Capobianco
Coordenador-executivo da Campanha de Marina Silva à Presidência da República pelo Partido Verde

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