Para ativista, imprensa repete estratégia da ditadura
Altamiro Borges atribui ainda os recuos no PNBL à oposição da mídia e das empresas de telecomunicações
Publicado 10/06/2010 - 12h26
São Paulo – Preservar propostas estabelecidas no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) depende de mobilização da sociedade, na visão do jornalista Altamiro Borges. Nesta quinta-feira (10), o ativista alertou ainda para o comportamento da imprensa comercial na cobertura eleitoral. Segundo ele, os veículos de comunicação repetem a ação contrária “à vontade do povo”.
Borges defendeu a importância do PNBL para a democratizacao da comunicação durante o 2º Seminário Democracia e Anistia, na capital paulista. Ele advertiu, porém, que há um risco de que ocorra o mesmo processo pelo qual passou o Plano Nacional de Direitos Humanos. O PNDH, depois de muita pressão de setores da oposição, da imprensa e do próprio governo, sofreu sucessivas alterações até chegar a uma versão que não prevê a revisão da Lei de Anistia e a discussão sobre temas polêmicos como o aborto e o casamento homoafetivo.
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“Com o PNBL vai acontecer a mesma coisa. A imprensa vai bater, bater, bater até o governo recuar. A gente precisa fazer nossa pressão pelo outro lado”, afirmou Borges.
Ele entende que há uma semelhança entre a atuação da imprensa comercial agora e às vésperas do golpe de 1964. O jornalista recorda que a função dos meios de grande circulação, naquela época e agora, era manipular a realidade e instigar a que se desrespeite a vontade do povo. O grande exemplo, na opinião dele, é o Instituto Millenium, criado, segundo ele, para organizar oposição ao governo Lula.
A entidade conta com apoio financeiro de empresários. Durante um evento realizado em São Paulo, em março, a entidade reuniu alguns dos principais jornalistas dos veículos de maior penetração junto à sociedade (clique aqui para ler mais).
“Olha a cabeça deles. Querem colar em Lula a imagem distorcida do castrismo, do chavismo. Não há qualquer conexão”, disse Borges. Ele soma ao cenário as declarações recentes da presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e executiva da Folha de S.Paulo, Maria Judith Brito, que afirmou que, como a oposição anda desorganizada, a imprensa comercial fará oposição ao governo.
Há também as declarações de blogueiros que afirmam que a Justiça brasileira é fraca e por isso não cassa a candidatura de Dilma Rousseff. O jornalista entende que é o mesmo tipo de provocação que se fazia antes da eleição de 1961. À época, os principais jornais apontavam que era preciso frear as candidaturas dos trabalhadores e que, se não fosse possível, era preciso frear a eleição e, em último caso, a posse.
Borges lembrou que os jornais têm disputas entre si, mas não hesitam em unir discurso quando se veem ameaçados pelas conquistas dos trabalhadores.