Sindicatos e movimentos sociais definem plataforma eleitoral

Assembleia de movimentos na segunda-feira (31) e conferência de centrais sindicais na terça (1º) mostram articulação de organizações para o pleito deste ano

Trabalhadores farão assembleia no estádio do Pacaembu (Foto: Douglas Aby Saber/Fotoarena/Folhapress)

São Paulo – A próxima semana tem dois dias decisivos para estabelecer propostas de movimentos sociais e sindicais. Nesta segunda-feira (31), na quadra dos bancários, no centro de São Paulo, acontece a segunda Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais. No dia seguinte, são esperadas 30 mil pessoas no estádio do Pacaembu, também na capital paulista, para a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora.

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A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne 28 entidades e movimentos, espera discutir, elaborar e aprovar uma plataforma política conjunta para a eleição deste ano. A pauta deve contemplar demandas para todos os cargos em disputa – da Presidência a governos de estado, do Senado às Assembleias Legislativas. São esperadas 3 mil pessoas, a partir das 10h.

Para Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a articulação é necessária em um momento de fragmentação no mundo do trabalho. “Produziu-se também divisões também nas formas organizativas. Juntar movimentos sociais na atualidade para discutir plataformas e um programa comuns é algo fundamental em tempos de fragmentação”, opina, em entrevista à Rede Brasil Atual.

“Unidade não quer dizer homogeneidade, há contradições (entre os movimentos), mas o que permite que a união é que sejamos diferentes”, filosofa Mauro. “A diferença é que faz a riqueza, fundamental para uma perspectiva de luta conjunta para o próximo período”, completa.

Membros da Coordenação de Movimentos Sociais (CMS)

CUT – Central Única dos Trabalhadores
MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
CMP – Central de Movimentos Populares
UNE – União Nacional dos Estudantes
ABI – Associação Brasileira de Imprensa
CNBB/PS – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-Pastorais Sociais
Grito dos Excluídos
MMM – Marcha Mundial das Mulheres
UBM – União Brasileira de Mulheres
CONEN
MTD – Movimento dos Trabalhadores Desempregados
MTST – Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto
CONTEE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino
CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
Conam – Confederação Nacional das Associações de Moradores
UNMP – União Nacional por Moradia Popular/Ação Cidadania
Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz
ABRAÇO – Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
CNQ -Confederação Nacional do Ramo Químico
FUP – Federação Única dos Petroleiros
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CMB
ANPG – Associação Nacional dos Pós Graduandos

A promessa é de que os movimentos não definam o apoio a uma candidatura, mas listem pontos de reivindicação. Os ativistas não escondem que o governo Lula tenha representado um período maior de diálogo com os movimentos sociais. No entanto, prometem, independentemente de quem saia vitorioso da disputa presidencial, intesificar mobilizações e a pressão popular a partir de 2011.

Plenárias em 15 estados reuniram demandas de regionais, mobilizando 20 mil pessoas, segundo os ativistas. Com isso, pretendem dar sequência ao documento anterior, produzido em 2006. “Será um documento com propostas bem objetivas para serem implementadas pelo próximo governo”, explica Lúcia Stumpf, ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), ao portal da CTB. “Ele já foi aprovado nos dois Fóruns Sociais Mundiais (de janeiro) e as plenárias estaduais estão fazendo novos acréscimos”, descreve.

“A ideia é somar forças e fazer com que todas essas iniciativas se congreguem em agendas unitárias de mobilização, em grandes passeatas comuns e capazes de interferir no processo eleitoral”, avisa. Devem ser formados ainda comitês populares para a eleição, com caráter pluripartidário.

Centrais

Cinco das seis centrais sindicais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) promovem, nesta terça-feira (1º/06), um ato semelhante, de definição de pautas de reivindicação e propostas para o país. O documento será encaminhado às pré-candidaturas de José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). Nenhum deles foi convidado. Apesar de estar em São Paulo no dia da conferência, a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está confirmada.

A última tentativa de articulação de entidades sindicais ocorreu há 29 anos, na cidade de Praia Grande (SP). Em 1981, a Conclat foi articulada por correntes do movimento sindical unidas em críticas contra o Estado, que ainda vivia os últimos anos da ditadura militar.

Mas desde o início do governo Lula, as centrais têm se aproximado politicamente. “Ao longo dos últimos anos não foram poucas as batalhas nas quais atuamos juntos, como o reconhecimento das centrais, a valorização do salário mínimo, as marchas para Brasília e a campanha pela redução da jornada”, elencou o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes.

“Será um ato sindical”, resume João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, ao jornal Valor Econômico. “Há uma luta política, é claro, porque nos posicionamos frente a diferentes temas e vamos cobrar dos candidatos, mas o ato é essencialmente sindical”, reitera.

Isso não significa que os sindicalistas não vão assumir uma posição. “Não vamos ficar em cima do muro na disputa”, promete Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Entendemos que será um retrocesso o retorno do PSDB e do DEM ao Estado. Já que fazemos um balanço positivo do governo Lula, porque não apoiar sua candidata?”, sinaliza Artur Henrique.

Além da CUT, Força Sindical e CTB, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) também protagonizam o evento. A única das centrais reconhecidas que fica de fora é a União Geral dos Trabalhadores (UGT), por ter dirigentes ligados ao DEM e ao PPS – aliados da pré-candidatura de José Serra (PSDB) – em seus quadros e não ter posição unitária para a eleição presidencial.

 

Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais

31 de maio, segunda-feira, a partir das 10h
Quadra dos Bancários, r. Tabatinguera, 192, Centro, São Paulo-SP (próximo à estação Sé do Metrô).

 

Conferência Nacional da Classe Trabalhadora

1º de junho, terça-feira, a partir das 10h
Estádio do Pacaembu, praça Charles Muller, S/N, Consolação, São Paulo-SP

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