São Paulo – Terminou na noite do sábado (17) o Congresso da Juventude Social Democrata, organizado pelo PSDB, em Goiânia (GO). No documento elaborado ao final do encontro, a nova geração de militantes tucanos declara preferir que os candidatos em eleições a cargos executivos sejam definidos por eleições internas – a orientação pode contrapor os interesses de dois possíveis concorrentes ao pleito presidencial de 2014, Aécio Neves e José Serra.

Setores do partido defendem claramente que a legenda aguarde a definição do ex-governador paulista sobre que rumo pretender dar à sua carreira política. Nas eleições de 2010, Serra já submeteu o PSDB a longa uma espera pela sua decisão de concorrer contra Dilma Rousseff – e foi duramente criticado por isso, principalmente pelos tucanos alinhados com o mineiro Aécio Neves.

Aécio, em sua participação no congresso de Goiânia, defendeu já a realização de prévias para as eleições de 2014, o que pode ser entendido como mais um sinal de que pode contrapor-se a uma eventual decisão “de cúpula” sobre o nome do PSDB a disputar a presidência da República.

Já em sua fala no mesmo encontro, Serra preferiu criticar o governo Dilma (“Ainda nem começou, metado do tempo é gasto demitindo e recolocando ministros”) e dizendo-se contrário a que o financiamento de campanhas eleitorais seja exclusivamente público. “Isso serve apenas para fortalecer cartórios eleitorais. Quem tem mais deputados terá mais dinheiro, e assim se fechará um ciclo. Não resolve a corrupção e inibe a atuação da sociedade”, disse.

Sem expressar apoio pelas prévias, Serra encerrou conclamando o partido a refletir sobre “a necessidde de manter seu espírito de união”.

Resoluções

A chamada Carta de Goiânia, divulgada pela juventude tucana, é composta por outros quatro temas principais que deverão orientar a nova militância: criminalização da corrupção, redução da maioridade penal, meia-entrada em eventos esportivos e culturais expandida a todos os jovens até 24 anos e o fim do serviço militar obrigatório.

Em tempos de denúncias de desvios de recursos públicos, lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo especialmente José Serra, nova geração do PSDB quer que o partido defenda que a corrupção seja considerada crime hediondo. Eles acreditam que, caso a corrupção seja qualificada deste modo, haverá mais agilidade e mais rigor na punição dos responsáveis por este tipo de crime.

A redução da maioridade penal é o segundo tema de destaque. Para a Juventude do PSDB, a partir dos 16 anos dde idade é que as pessoas devem responder integralmente pelos seus crimes – e, para os responsáveis por crimes hediondos, não deve haver restrição de idade para as punições.

Em terceiro lugar, os militantes querem que seus candidatos se esforcem para que a meia-entrada em eventos esportivos e culturais seja expandida a todos os jovens até 24 anos – independentemente de serem estudantes ou não. Segundo a agência de notícias da legenda, a alegação da juventude tucana é que a medida acabaria com o “monopólio das carteirinhas” – numa alusão direta à UNE e a Ubes, ambas entidades estudantis, que acusam de serem “entidades do PT nas instituições de ensino”. A medida também traria benefícios aos jovens que, por opção, não estudem.

O quarto ponto é a defesa da extinção da obrigatoriedade do serviço militar. A carreira militar deve ser tratada de maneira profissional, como uma opção para os que querem segui-la, sem o viés da obrigação.

O PSDB calcula que cerca de mil pessoas de todas as regiões do país integraram o evento. “A participação dos jovens dá uma energia grande ao partido. Não existe PSDB sem a manifestação livre, espontânea e direta da nossa juventude”, afirmou o presidente do partido, deputado federal Sérgio Guerra (PE).

Por sua vez, o presidente da Juventude do PSDB, Marcello Richa, declarou que a juventude tucana promova “uma expressiva representação popular” e que o partido “prepare mais e mais filiados de menos idade para a disputa de eleições”.