Um encontro, 30 anos depois

José Ananias e seu encontro, 30 anos depois, com Lula (Foto: Gerardo Lazzari/Sindicato dos Bancários SP) Quadra dos Bancários, centro de São Paulo. Nesta quarta-feira (23), Lula esteve com a […]

José Ananias e seu encontro, 30 anos depois, com Lula (Foto: Gerardo Lazzari/Sindicato dos Bancários SP)

Quadra dos Bancários, centro de São Paulo. Nesta quarta-feira (23), Lula esteve com a população em situação de rua e catadores de material reciclável em uma celebração de Natal. Cerca de duas mil pessoas lotam o espaço acalorado, aguardando pelo anúncio por parte do governo federal de políticas públicas. No meio do povo, José Ananias de Almeida está ansioso por encontrar um velho colega. Veio de Altaneira, local com pouco mais de seis mil habitantes e que fica a 380 quilômetros da capital.

A cada gesto ou vez em que Lula se levanta, ele aplaude. Sabe que logo seu nome será anunciado por Anita Gomes dos Santos, catadora de material reciclável e amiga comum entre seu Ananias e Lula.

O aposentado aguarda, escuta. Enfim seu momento chega. Ele se levanta, acena ao presidente e sorri um sorriso de criança. Aos poucos tenta de locomover até o local das autoridades. Seus dois derrames o deixam com o lado direito “um pouco falho” como gosta de dizer. Enfim está lá. De frente para o presidente, emocionado, profere duas “palavrinhas mágicas” a Lula: Vila Euclides.

O presidente sorri. Provavelmente vem à sua cabeça os anos em que comandou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O padre Julio Lancelloti, ao seu lado, brinca: “Vila Euclides e foi parar no Ceará?”. Ele prontamente responde: “Pra fugir da violência vou para qualquer lugar”. Do encontro, sai com uma foto, uma pequena lembrança que pretende guardar, além é claro de um abraço do já suado presidente.

“Estou aqui para mostrar meu apoio a essa gente sofrida. Esse povo foi massacrado, agora foi incluído na categoria de trabalhadores”, diz José Ananias, que assim como milhares de metalúrgicos faziam greve no final dos anos 1970 e lotavam o estádio da Vila Euclides, em São Bernardo.

Depois de trabalhar anos na GM, José Anaias foi para o Ceará. E esperou 30 anos por esse encontro. E justo no dia em que o próprio presidente diz aos companheiros de origem: “Tô voltando”.