Líderes do governo no Congresso dizem que Lupi é página virada; PDT continua aliado

Partido decidiu também manter Lupi na presidência

 Brasília – A saída do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, do governo, anunciada no domingo (4), já é uma “página virada” para os líderes do governo no Senado e no Congresso. O líder no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) admitiu que o ministro perdeu o amparo político para se manter no cargo. “O ministro Lupi perdeu a condição política de se manter no ministério, entregou o cargo e a presidenta aceitou. Acho que esse é um processo que está encerrado, é uma página virada, agora assume o interino do Ministério do Trabalho aguardando uma posição da presidenta da República”, declarou Jucá, nesta segunda-feira (5).

Jucá procurou minimizar a saída de sete ministros do governo Dilma em menos de um ano. Na opinião do líder no Senado, isso é sinal da transparência do governo. “Na hora que surge algum dado a presidente manda esclarecer, manda investigar. Se houver algum tipo de desconforto dos ministros, os ministros pedem para sair e a presidente aceita. Portanto, o governo é transparente”, disse Jucá.

O líder do governo no Congresso Nacional, senador José Pimentel (PT-CE), também evitou comentar as denúncias que envolveram Lupi e as alegações dele de que foi retirado do cargo por acusações infundadas promovidas por uma campanha midiática. “Eu sou um daqueles que aprendi que quando uma pessoa deixa um cargo o nosso olhar deve ser para a frente”, disse o senador.

Segungo o líder, a saída dos ministros é um sinal da maturidade institucional atingida pelo Brasil desde a Constituição de 1988. “Não tenha dúvida de que nós estamos desde 1988 criando um ambiente para que as instituições brasileiras funcionem, se fortaleçam e, sobretudo, construam esse país que tem crescimento econômico com inclusão social e distribuição de renda. E as pessoas nesse processo vão sendo substituídas, outras vêm, mas com muita clareza que nós queremos chegar em 2015 sendo a quinta economia mundial. É nesse sentido que estamos caminhando”, declarou Pimentel.

Já para o líder do principal partido de oposição, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a presidenta demorou a demitir Lupi e, com isso, prejudicou a imagem do governo. Na avaliação do líder tucano, Dilma perdeu tempo defendendo o ministro, em vez de afastá-lo.

“Na verdade não houve providência do governo, não houve reação do tamanho do escândalo. Ele não suportou a pressão das denúncias e pediu para ir embora. A presidenta mais uma vez se comportou como advogada de defesa dos ministros denunciados. Foi assim desde a primeira vez, desde o [Antonio] Palocci”, acusou Dias.

Lupi entregou a carta de demissão a Dilma, após enfrentar denúncias constantes na imprensa. A primeira delas envolvia seus assessores mais próximos e tratavam de cobrança de propina dentro da pasta comandada pelo PDT – partido do ministro. Depois disso, o próprio Lupi foi acusado de receber diárias do ministério indevidamente e de viajar no avião particular do dirigente de uma organização não governamental que posteriormente teve contratos com o Ministério do Trabalho. Na semana passada, foi acusado de receber da Câmara dos Deputados sem comparecer ao Congresso Nacional e, por fim, a Comissão de Ética da Presidência da República aconselhou a presidenta a demiti-lo.

Aliados

A Executiva Nacional do PDT decidiu, após reunião com a presença de Lupi, manter sua posição de aliado do governo da presidenta Dilma Rousseff independentemente de cargos em ministérios. O partido espera, no entanto, manter pelo menos um ministério no governo.

Segundo o presidente interino do partido, o deputado André Figueiredo (CE), na reunião, na sede do PDT em Brasília, não foi sequer discutido nomes para serem indicados à presidenta porque não se sabe se Dilma manterá o PDT no comando do Ministério do Trabalho ou o realocará em outra pasta. “A presidenta Dilma é quem vai decidir.”

Para fazer a interlocução com o governo e negociar com a presidenta da República a participação no governo e em ministérios, o partido decidiu criar uma comissão composta por Figueiredo, os líderes do partido na Câmara e no Senado, o secretário-geral do partido, Manoel Dias, e o vice-presidente do partido, deputado Brizola Neto (RJ). “A comissão é para fazer a interlocução com o governo, para dar respostas ao governo. O partido tem de ver o que o governo quer do partido”, disse Brizola Neto.

Segundo Figueiredo, o ex-ministro Lupi, presidente licenciado da sigla, renovou sua licença por mais um mês para “descansar” e deve retornar ao comando do partido em janeiro. “Ele foi eleito em março deste ano e tem a confiança de todos no partido.”

Apesar do apoio ao governo de Dilma Rousseff, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) fez declarações acusando pessoas do partido da presidenta de influenciar na crise envolvendo o Ministério do Trabalho. “Tem gente do PT que ajudou a organizar essa saída do ministro Lupi.” Paulinho da Força também disse que a Comissão de Ética da Presidência da República, que sugeriu a exoneração de Lupi, é “partidarizada”.

 Fonte: Agência Brasil