Para Lembo, escândalo de Arruda é ‘espetáculo’ da política brasileira

Ex-governador de São Paulo e copartidário entende que esquema de corrupção do Distrito Federal terá impacto nas próximas eleições e afirma que Democratas encolheu

O ex-governador de São Paulo (esquerda) ao lado de Geraldo Alckmin e José Serra durante a campanha presidencial de 2006 (Foto: Marcello Casal Jr. Agência Brasil)

Conhecido quadro do Democratas, Cláudio Lembo, ex-governador de São Paulo, garante não ter se surpreendido com o desvendamento de esquema de corrupção envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

As investigações da Polícia Federal mostram um aparato que teria arrecadado R$ 600 mil com empresários do setor privado para a divisão entre colaboradores de Arruda na Câmara Legislativa. Lembo, famoso pelas críticas àquilo que chama de “elite branca”, entende que o ocorrido no Distrito Federal é mais um dos “espetáculos da vida política brasileira”.

Econômico nas palavras durante entrevista telefônica concedida à Rede Brasil Atual, o professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie entende que deve haver uma apuração dos fatos pelo partido, e acha que não é o caso de expulsar o acusado da sigla.

O DEM nos últimos anos vem fazendo esforços de renovação de seus quadros. Em 2007, depois do revés eleitoral do ano anterior, a colocação do deputado federal Rodrigo Maia na presidência e a própria mudança de nome, a alcunha de Partido da Frente Liberal (PFL), herança deixada por apoiadores da ditadura militar, foi deixada de lado.

Para o ex-governador, ainda não é possível saber o efeito das alterações, mas o fato é que o partido encolheu.

RBA– Como o senhor recebeu a notícia da operação da Polícia Federal envolvendo o governador José Roberto Arruda?

Com impacto. Não esperava e creio que agora o partido terá de elaborar um processo para saber exatamente o que aconteceu.

RBA – Diante da força das provas, é possível pensar em um processo de suspensão do governador em relação ao partido?

Imagino que ele mesmo deve se dar por impedido das atividades partidárias, mas não deve ser expulso. Deve-se esperar o processo e ele precisa apresentar as provas que julgar cabíveis.

RBA– Vindo de um copartidário, de alguma maneira te surpreendeu?

Não. São espetáculos da vida política brasileira. Não me surpreendeu. Imaginei que não acontecesse. Recebi com impacto, mas é compreensível.

RBA – Compreensível sob que ponto de vista?

De que foi tudo gravado e, com isso, é possível apontar os verdadeiros culpados.

RBA– Isso enfraquece as bandeiras do partido para as eleições do ano que vem?

Sim, terá algum impacto, como teve no PT na eleição anterior. É natural que episódios como esses enfraqueçam o partido.

RBA – Em relação à parceria com o PSDB pode haver algum estremecimento?

Não acredito. Foi um fato transitório. E também o PSDB teve membros envolvidos em mensalões.

RBA – Arruda é o único governador da sigla. O DEM tem se enfraquecido como sigla de projeção nacional?

É só ver os números e você percebe que o partido está menor.

RBA– Aquele esforço de uma espécie de renovação, com Rodrigo Maia na presidência e a mudança de nome, não surtiu efeito?

Surtiu. Conseguiram trazer muita juventude para o partido, mas isso ainda não foi testado numa eleição, o que ocorrerá no ano que vem.

Leia também

Últimas notícias