Pré-acordo prevê Dilma candidata e vice do PMDB em 2010

União deve garantir à campanha amplo espaço na propaganda gratuita de TV. Confira nota conjunta assinada pelos dois partidos

Detalhes do pré-acordo serão anunciados nesta quarta (Foto: Roberto Jaime/Reuters)

PT e PMDB fecharam um pré-acordo eleitoral na noite da terça-feira (20) com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em jantar realizado no Palácio da Alvorada, ficou acertado que o PT ficará com a cabeça da chapa, provavelmente ocupada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o PMDB, com a vice. Participaram da reunião ministros e líderes de ambas as legendas.

Os dois partidos preferiram falar em pré-acordo, que só será sacramentado após as convenções partidárias, a serem realizadas ao longo do ano que vem. A iniciativa é considerada essencial para a o sucesso da campanha governista. O acerto entre PT e PMDB é o primeiro entre as legendas aliadas ao governo.

Além da vice, o PMDB será incorporado à coordenação da campanha e a participação do partido na elaboração do programa de governo. A união deve garantir à campanha amplo espaço na propaganda gratuita de TV.

O presidente do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), afirmou que a aliança representa “o acúmulo político desse três últimos anos de governo do presidente Lula com uma coalização mais consistente e programática”. Segundo ele, a ideia é ter o PT e o PMDB como cabeça de chapa, mas agregando os diversos partidos que hoje apoiam o governo.

Nota conjunta

Confira a nota conjunta assinada pelos dois partidos:

Representados por lideranças e dirigentes nacionais, PMDB e PT, após avaliar o satisfatório cumprimento dos eixos programáticos que fundamentaram a coalizão de governo em 2007, comunicam que, de comum acordo, estabelecem pré-compromisso com vistas à disputa da eleição à Presidência da República em 2010, baseados nas seguintes premissas:

1 – Construir aliança programática e eleitoral para o pleito presidencial;

2 – Os dois partidos comporão, necessariamente, a chapa de Presidente e Vice, a ser apresentada ao eleitorado brasileiro;

3 – Os dois partidos compartilharão, em conjunto com as demais agremiações que venham a integrar essa aliança, a coordenação de campanha e a elaboração do programa de governo, com objetivo de dar continuidade aos avanços do governo do Presidente Lula, do qual PT e PMDB são forças de apoio e sustentação.

4 – Com esse escopo, PMDB e PT levarão este pré-compromisso às suas instâncias partidárias, construindo soluções conjuntas para as alianças regionais;

Brasília, 21 de outubro de 2009.

Partido dos Trabalhadores (PT)

Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Berzoini informou ainda que os detalhes do pré-acordo serão divulgado nesta quarta-feira (21) pela manhã e tratarão das formas de ampliar as alianças e as composições nos estados e os movimentos políticos até 2010.

Visto como um dos mais cotados a assumir a vaga de vice-presidente, o presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP), desconversou em relação a sua indicação de canidato à vice e disse que o nome sairá das convenções dos partidos. “O nome será fruto das circunstâncias políticas a serem definidas no ano que vem”, argumentou, acrescentando que é preciso ouvir, primeiramente, as representações estaduais dos partidos.

“É o primeiro passo que consolidará esta aliança nacional que hoje (terça-feira) ficou pré-estabelecida”, afirmou Temer. “Hoje foi um grande passo porque, na verdade, nós firmamos um compromisso muito sólido”, disse. Para ele, a chapa é “a representação dos dois maiores partidos que sustentam o governo Lula”.

Berzoini e Temer destacaram a intenção de conquistar a adesão dos outros partidos da base aliada. Com esse mesmo objetivo, Dilma se reuniu recentemente com representantes do PCdoB, PDT, PR e PRB, que tendem a apoiar sua campanha. Está agendado para a semana que vem encontro com a cúpula do PP.

Por outro lado, o PSB pode criar um obstáculo ao projeto do presidente Lula de fazer da eleição de 2010 um plebiscito em que os eleitores façam a comparação entre o seu governo e a administração anterior, do PSDB. Embora integrante da base aliada, o partido estuda lançar o deputado Ciro Gomes na corrida presidencial.

Temer defendeu uma candidatura única entre os governistas. “Seria útil para o país que tivesse um bloco com uma candidatura e outro bloco com outra candidatura.”

Estados

Um dos itens sobre os quais serão divulgados mais detalhes diz respeito a composição entre as suas lideranças locais. PT e PMDB são adversários em alguns estados, como Bahia e Rio Grande do Sul. Em outros, pretendem disputar os governos estaduais com candidaturas próprias.

Outro obstáculo à aliança são os peemedebistas que preferem um acordo com a oposição. Com peso minoritário, esses líderes prometem trabalhar contra a maioria na convenção do partido.

O presidente do PMDB de São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia, por exemplo, já prometeu adesão à candidatura do governador José Serra (PSDB), que deve representar a oposição na campanha de 2010. O senador Jarbas Vasconcelos (PE) também está ao lado de Serra.

A força do PMDB está no tamanho de sua presença em todo o país, posição estratégica para a campanha de Dilma, que ainda é pouco conhecida pelo eleitorado.

O PMDB tem 91 deputados federais, 17 senadores, nove governadores e 1.201 prefeitos. Ocupa seis ministérios: Agricultura, Defesa, Integração Nacional, Saúde, Comunicações e Minas e Energia.

 

Com informações da Agência Brasil e Reuters

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