Lula afirma estar confiante na entrada da Venezuela no Mercosul

Comissão de Relações Exteriores do Senado pode votar na quinta-feira o projeto, mas ainda há resistência inclusive dentro da base aliada

O ingresso da Venezuela no Mercosul, debatido há muito tempo no Senado, já provocou reações indignadas de Hugo Chávez, o que aumentou a resistência de alguns parlamentares (Foto: Marcello Casal Jr. Agência Brasil)

O presidente Lula informou nesta quarta-feira (28) por meio de seu porta-voz que está confiante na aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul. A proposta, já aprovada na Câmara, pode ser votada na quinta-feira (29) pela Comissão de Relações Exteriores do Senado, de onde segue para o plenário.

Enquanto os parlamentares estiverem debatendo o assunto, Lula estará reunido com o venezuelano Hugo Chávez, com quem vai debater o tema e assinar acordos bilaterais. Os dois presidentes mantêm encontros trimestrais que visam aprofundar as relações entre Brasil e Venezuela.

“O presidente [Lula] está confiante de que o protocolo de adesão será aprovado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa, e, muito em breve, também no plenário o assunto será discutido. Além disso, serão discutidas [na reunião de Lula e Chávez] as negociações técnicas de liberalização comercial do Programa de Liberalização Comercial, que estão em andamento e estão progredindo”, disse o porta-voz Marcelo Baumbach.

Em Caracas, Lula inaugura o Consulado-Geral do Brasil e o escritório da Caixa Econômica Federal. De lá, parte na sexta-feira (30) para El Tigre, cidade em que visitará a primeira plantação de soja da Venezuela. A lavoura foi desenvolvida com tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Incerteza no Senado

Se a agenda dos dois presidentes está confirmada, no Senado paira a incerteza sobre a votação na Comissão de Relações Exteriores. Depois de muita resistência, tucanos e democratas podem finalmente permitir a votação, mas já condicionam a sequência da tramitação. A oposição quer que o projeto vá a plenário apenas depois que uma comissão parlamentar visitar a Venezuela.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, considera estranho que haja pressa em um assunto tão polêmico – o projeto 430 está no Senado desde 2008, e antes tramitou pela Câmara.

Os setores mais conservadores do Congresso querem que o Ministério das Relações Exteriores faça fortes exigências à Venezuela para que cumpra todos os requisitos de ingresso no Mercosul e falam abertamente que se preocupam com a postura de Hugo Chávez e com a suposta falta de democracia no país vizinho.

Com isso, além do relatório do tucano Tasso Jereissati, será apresentado um voto em separado do líder do governo no Senado, Romero Jucá, exatamente na direção contrária.

Aprovada na comissão, a entrada da Venezuela no Mercosul terá de vencer a resistência em plenário. O presidente da casa, José Sarney, já afirmou ser contrário à participação dos venezuelanos no bloco, e outros aliados também pensam da mesma forma. O governo terá de lidar com os ânimos de senadores da base aliada que se recusam a apoiar a adesão.

Com informações da Agência Brasil.

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