Líder do MST chama senadores de ‘laranjas’
Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do movimento, criticou falta de ação de parlamentares para garantir finalidade social da terra
Publicado 07/10/2009 - 15h00
Mauro criticou a falta de engajamento de senadores para “denunciar o grande grilo”, já que o movimento acusa a Cutrale de usar terras pertencentes à União (Foto: Nina Fideles)
Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), criticou, em artigo, a reação dos senadores e deputados à ação de agricultores na Fazenda Santo Henrique, da Sucocítrico Cutrale. Ele chamou os parlamentares de “laranjas”, por pensarem a “pequena política”.
“É patético ver alguns senadores, deputados e outros tantos ‘ilustres’ se revezarem nos microfones em defesa das laranjas da Cutrale”, lamentou. “Muitos destes, possivelmente, já foram beneficiados com os ‘sucos’ da empresa para suas campanhas, ou estão de olho para obter ‘vitaminas’ no próximo pleito”, prosseguiu.
O MST convive, desde o fim de agosto, com a ameaça de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar convênios de cooperativas e associações ligadas ao movimento com órgãos públicos federais e ONGs internacionais. A primeira tentativa, uma comissão mista com parlamentares da Câmara e do Senado, fracassou com a retirada de assinaturas de 45 deputados. Agora, a bancada ruralista do Senado promete voltar à coleta de apoios.
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Mauro criticou, porém, a falta de engajamento para “denunciar o grande grilo”, já que o movimento acusa a Cutrale de usar terras pertencentes à União. “Passar por cima das laranjas é passar por cima do grilo e da corrupção que mantém esta situação há tanto tempo”, comparou.
Para a liderança, os artigos da Constituição Federal referentes à função social da terra não são cumpridos. Pela Carta Magna, as propriedades rurais devem ser usadas para produzir, respeitando-se as legislações ambiental e trabalhista.
O líder do MST pediu a retomada da “grande política”. “Por mais otimista que sejamos, é pouco provável visualizar que “laranjas” possam fazer isso. Aliás, é nas crises, é nos conflitos que se diferencia homens de ratos, ou, laranjas de homens”, disparou.