Assembleia do RS aceita pedido de impeachment de Yeda

Protocolado pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais, é a primeira vez na história que pedido de interrupção vai a avaliação do plenário

Blog “Zero corrupção”, da bancada do PT na Assembleia, apresenta parlamentares que assinaram requerimento da CPI da Corrupção (Foto: Reprodução)

O pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius (PSDB) foi aceito pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A informação foi anunciada nesta quinta-feira (10) por Ivar Pavan, que preside a casa. O pedido foi protocolado pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais. A leitura da decisão será feita na próxima semana.

Uma nova comissão com 36 parlamentares – um terço do total – será definida proporcionalmente às bancadas. Esse grupo será responsável pela condução do processo. É o primeiro pedido de impeachment no estado que chega à avaliação do plenário.

O pedido se baseia em informações liberadas pela Justiça que analisa denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal com informações de inquérito da Polícia Federal – na operação Rodin – sobre corrupção no Departamento de Trânsito do estado (Detran-RS). Além de Yeda, outras oito pessoas são acusadas de envolvimento em desvios de R$ 44 milhões.

“A decisão que eu anunciar levará a um embate político no estado”, disse Pavan à mídia local. “Vão achar que foi uma decisão política, mas tenho convicção que a decisão está bem embasada”, sustentou.

A comissão destacada para isso analisou ainda depoimentos prestados em sindicâncias internas do Executivo, informações produzidas pela CPI do Detran, a denúncia do Ministério Público Federal por improbidade administrativa contra a governadora e o depoimento do ex-presidente do Detran Sérgio Buchmann à Polícia Federal.

Pavan afirmou que foram encontradas 26 situações que “indicam fortes indícios” de ligação entre a governadora e o esquema criminoso montado para desviar recursos públicos.

“Yeda sabia”

No blog Zero Corrupção, mantido pela bancada do PT na Assembleia, foram divulgados trechos do depoimento de Lair Ferst ao Ministério Público Federal no dia 23 de janeiro deste ano. O material foi liberado pela juíza Simone Barbisan Fortes aos membros da CPI e não se encontra sob sigilo de Justiça.

Lair admitiu, aos promotores, que a governadora Yeda Crusius sabia e autorizou pessoalmente a troca de fundações contratadas pelo Detran – a Fatec foi substituída pela Fundae como prestadora de serviços, dando origem a uma reorganização dos desvios de recursos, segundo a denúncia apresentada. 

Participaram da reunião, além da governadora, Carlos Crusius, Delson Martini, Walna Meneses, Daniel Andrade e Chico Fraga. Ele afirmou ainda que Yeda teria determinado percentuais de propina entre os participantes do esquema.

Surpresa

Em nota, o governo do Rio Grande do Sul se disse “surpreso” com a decisão, dizengo que a própria Justiça Federal considerou insuficientes as provas contra a governadora.

“A decisão foi tomada com base em documentos fornecidos pela Justiça Federal de Santa Maria, que, examinados pela juíza Titular da 3ª Vara, os considerou insuficientes, a tal ponto que, preliminarmente, rejeitou os pedidos de afastamento da senhora governadora e a indisponibilidade de seus bens”, diz a nota, que termina com uma declaração de confiança nos poderes públicos.

“O governo do Estado tem firme confiança na ação da Justiça, confia na posição do parlamento, efetivo representante da vontade dos gaúchos e depositário do respeito aos mandatos legalmente conquistados.”

Com informações da Agência Brasil

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