Sarney recebe solidariedade até do PSDB de Amapá

Com CPI, oposição tenta manter pressão pela saída de Sarney. Presidente do Senado diz ter sido 'atropelado' por sua influência na sucessão de Lula em 2010. Crise é 'para enfraquecer o presidente da República', disse

De pé, o senador Papaléo Paes (PSDB-AP), com vereadores e prefeitos do Amapá que se solidarizaram com Sarney (Foto: Jane de Araújo/Agência Senado)

O presidente do Senado José Sarney afirmou que foi atropelado por uma luta política que se desdobrou nos últimos meses e que resulta de sua influência na corrida pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração foi feita nesta terça-feira (11) diante de vereadores, prefeitos, deputados e senadores amapaenses que o apoiam. 

“Pelo fato de minha luta política ter algum peso na sucessão, desencadeou-se essa crise para enfraquecer o presidente da República”, disse. “Não posso senão resistir e ser firme, com a certeza de minha consciência e lisura no trato com as coisas administrativas. A coisa mais grave de que me acusam é de que eu tinha pedido para nomearem o namorado da minha neta…”, desdenhou.

“Nunca me acusaram de nada e agora desencadeia-se essa crise política”, declarou. “Se não fiz qualquer coisa de errada ao longo de minha vida pública, não esperaria 55 anos para fazer agora. Nunca me meti em qualquer coisa errada.” O encontro com Sarney foi pedido pelos próprios políticos amapaenses, dispostos a manifestar sua solidariedade.

O senador do PSDB Papaléo Paes participou do ato. Ele sustentou que toda a crise enfrentada pelo Senado “é um processo político, injusto e discriminatório”. Outros tucanos também estiveram presentes, o que foi explicado por Paes proque, no Amapá, o partido “está e sempre estará com Sarney”.

Entre os senadores favoráveis ao afastamento de Sarney do cargo, o tom é semelhante. Em encontro dos tucanos Sérgio Guerra (PE), Arthur Virgílio (AM), Tasso Jereissati (CE) e Marisa Serrano (MS) com Cristovam Buarque (PDT-DF) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), a análise é de que não é possível deixar a pressão.

“Eles (os defensores de José Sarney) nos colocaram numa situação que, em qualquer circunstância, (os brasileiros) vão achar que qualquer atitude nossa representará recuo ou o que é pior de covardia ou que temos o rabo preso”, afirmou o pedetista. Ele acrescentou que, agora, não há espaço para qualquer possibilidade de recuo. “Tiraram isso de nós”.

Guerra destacou que a oposição mantém a estratégia de buscar aliados, especialmente do PT, para que ao menos uma das representações contra o presidente Sarney tenha andamento no Conselho de Ética.

PT contra arquivamento sumário

Eduardo Suplicy (PT-SP) e Marina Silva (PT-AC) assinaram documento suprapartidário que pede o afastamento de Sarney da presidência do Senado e o andamento das investigações requeridas ao Conselho de Ética. 

Aloízio Mercandate (PT-SP), líder do partido no Senado, declarou que cada representação será analisada pelos parlamentares da legenda. Ele disse ainda que o sentimento da bancada é contrário à tese do arquivamento sumário de todas as representações”.

 

Com informações da Agência Senado e Agência Brasil

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