Para dissidente, PV vai fazer campanha para Serra em 2010

Marina vai 'montar em porco', diz deputado estadual Major Olímpio. Ele sustenta que, em São Paulo e no Rio, o partido já está mobilizado pelo pré-candidato do PSDB à Presidência

Desgaste na relação com o PV e adesão da legenda ao governo Serra levaram Major Olímpio a sair (Foto: Divulgação/Alesp)

Uma semana depois de deixar o Partido Verde, o deputado estadual Major Olímpio (sem partido-SP) afirmou nesta quarta-feira (18) que a senadora Marina Silva (AC) vai se decepcionar caso decida de fato ingressar na legenda. Apesar de ter anunciado sua desfiliação ao PT, Marina declarou ainda não ter decidido se vai mesmo para o PV, que lhe ofereceu a possibilidade de uma candidatura à Presidência da República em 2010.

Segundo Olímpio, os diretórios de São Paulo e do Rio de Janeiro estão preparados para fazer campanha para o governador paulista José Serra (PSDB-SP) na corrida ao Palácio do Planalto. “Marina Silva, como se diz no jargão da minha terra, vai montar num porco”, compara Major Olímpio em entrevista à Rede Brasil Atual. “Não tem onde segurar? Vai para a lama. Não tem esse conteúdo programático que é maravilhoso no estatuto, no discurso. Na prática, (isso) não acontece.”

O parlamentar paulista deixou a legenda no último mês por divergências, desgaste na relação e pela ameaça de não ter garantida sua candidatura pelo partido. Para não ter seu mandato cassado, conseguiu a concordância da direção de considerar que sua saída se deu por justa causa.

“Hoje o PV se rege pelos movimentos da direção do Serra e do (Gilberto) Kassab”, sustenta. “Como no Rio de Janeiro, onde o Fernando Gabeira é mais serrista e tucano do que familiares do próprio Zé Serra”, ironiza.

“Marina, coitada, vem cheia de ideais, de vontade. Ela vai ingressar no PV que sonha como eu sonhei, mas vai ter uma decepção muito grande”, avisa. Revelando admiração pela trajetória da senadora, ele arrisca um conselho: “Se eu fosse ela, eu pensaria duas vezes”.

Major Olímpio cita a falta de apoio para a campanha de Cláudio de Mauro ao governo do estado em 2006 pelo partido. Segundo o deputado, os candidatos do PV fizeram “campanha aberta” a Serra que “era quem injetava dinheiro na campanha”. Inquirido se teria como comprovar a denúncia, ele diz não ter como “materializar a acusação”, mas era algo “escancarado”, incluindo “farto material do Serra”.

Saída

Major Olímpio estuda a qual partido pretende se filiar para disputar eleições em 2010 (Foto:Divulgação)

Olímpio comparou sua relação com o PV a um casamento, em que o dia a dia não corresponde à expectativa dos cônjuges. Ele citou dois episódios marcantes nesse desgaste envolvendo a retirada da pauta de dois projetos de lei de sua autoria. Uma das matérias dizia respeito à concessão de uma patente para militares da reserva que estiveram na ativa na década de 60 – segundo ele, ampliando um benefício concedido pela Lei de Anistia.

O outro dava o nome de Ubiratan Guimarães ao Comando de Policiamento de Choque da Polícia Militar de São Paulo. O tema é polêmico porque o coronel Ubiratan era o chefe do policiamento na invasão do Carandiru em 1992, operação que resultou na morte de 111 presos, segundo dados oficiais. Na Justiça, Ubiratan foi condenado, mas teve sentença suspeita. Em 2006, ele foi assassinado quando concorria a deputado estadual com o número 14.111, em alusão ao número de vítimas do massacre.

Além disso, a condição de vice-líder da bancada lhe foi retirada, segundo ele, em retaliação à sua atuação como parlamentar oposicionista. E os projetos de lei apresentados por seu mandato só foram colocados na pauta por lideranças de outras legendas.

A gota d’água foi a informação de que o governo de José Serra teria exigido que o PV não desse a legenda para Olímpio se candidatar em 2010. O deputado usa episódios como esses para justificar as declarações de que a legenda estaria submetida aos interesses de José Serra e Gilberto Kassab.

No dia 6, reportagem do jornal Folha de S.Paulo apontava que o PV apostava numa candidatura de Marina como forma de evitar um racha em 2010. Isso porque a legenda mantém apoio ao governo federal, comandado pelo PT, ao mesmo tempo em que é aliado do PSDB e do DEM no estado e na cidade de São Paulo.

Major Olímpio não definiu ainda a que partido vai se filiar. “Só tenho certeza de que serei candidato”, garante. Ele diz ter recebido convites do PT, PCdoB, PTB, PSB, entre outros, mas estuda o conteúdo programático de cada um antes de decidir.

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